1937: Hildegard Baum Rosenthal nasceu em Zurique, na
Suíça, em 1913, e faleceu em São Paulo, em 1990. Vive até a adolescência em
Frankfurt, Alemanha, onde estuda Pedagogia, de 1929 a 1933. Mora em Paris entre 1934 e 1935. De volta a
Frankfurt, estuda fotografia com Paul Wolff (1887-1951) - um especialista em
câmeras de pequeno formato - e técnicas de laboratório no Instituto Gaedel. Em conseqüência do regime
nazista transfere-se para São Paulo, em 1937.
Auto-Retrato , ca. 1938.
Em 1937, começa a trabalhar como orientadora
de laboratório na empresa de materiais e serviços fotográficos Kosmos.
Poucos meses depois, é contratada como fotojornalista pela agência Press Information, e
realiza reportagens para periódicos nacionais e internacionais. Nesse período, documenta São Paulo, Rio de
Janeiro, o interior paulista e cidades do sul do Brasil, além de retratar
diversas personalidades da cena cultural paulistana, como o pintor Lasar Segall e
o escritor Guilherme de Almeida.
Movimento na Sé
(São Paulo) [Praça da Sé] , 1939.
Interrompe sua atividade profissional em 1948
com o nascimento da primeira filha. Em 1959, após o falecimento do marido, assume
a direção da empresa da família. Suas fotos permanecem pouco conhecidas até
1974, quando o historiador da arte Walter Zanini realiza
uma retrospectiva de sua obra no Museu de Arte
Contemporânea da Universidade de São Paulo -
MAC/USP. No ano seguinte, o Museu da Imagem e do Som de São Paulo - MIS/SP é inaugurado com a mostra Memória Paulistana, de Hildegard
Rosenthal.
Parada de Bonde
[Praça da Sé], ca. 1938.
Em 1996, o Instituto Moreira
Salles adquire mais de 3 mil negativos de sua
autoria. Rosenthal é considerada a primeira mulher a atuar como fotojornalista no Brasil. Faz parte da geração de fotógrafos europeus
que imigram na época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e, atuando
na imprensa local, contribuem para renovar a estética fotográfica dos
periódicos nacionais.
Mappin [Praça
Ramos de Azevedo - São Paulo], ca. 1940.
Suas imagens têm poucos
espaços vazios. O negativo é quase todo
preenchido com conteúdos apresentados de maneira equilibrada e clara. Valoriza os meios-tons e os detalhes à sombra, o que demonstra sua intenção de registrar o
máximo de informações. Rosenthal também realiza fotomontagens para a imprensa
nacional. Esses trabalhos, em consonância com o conjunto de sua obra, ilustram
aspectos da cidade e situações cotidianas.
Rua XV de Novembro
(São Paulo), ca. 1939.
“Pelo exemplar conhecido (o de um menino-gigante jornaleiro, distribuindo o Jornal da Manhã pelas ruas, muito acima dos edifícios), é de se crer que as fotomontagens de Hildegard se voltassem mais em direção do experimentalismo característico daqueles anos do que num sentido propriamente político”.
Boris Kossoy (2007, p. 91)
Menino
Jornaleiro , 1940.
1939: “O DIP – Departamento de
Imprensa e Propaganda, criado em dezembro de
1939, subordinado diretamente à presidência da República, alimentava os periódicos e cinejornais com
materiais de exaltação à figura de Vargas e as realizações do Estado Novo. Durante o período, o DIP
aproveitava-se também do rádio, ainda nos seus inícios, para veicular
informações oficiais e incessante propaganda do governo. É criada a Hora do Brasil, e o
programa entrava no ar entre 19 e 20 horas, horário ‘em que a maior parte das
pessoas [já se encontrava] nos seus lares’”.
Boris Kossoy, 2007, p. 121-122
1939: Inaugurado em 28 de abril de
1939 no salão do Edifício Martinelli, no centro da
cidade de São Paulo, o Foto Clube Bandeirante formou ao longo da década de 1940 uma sólida
estrutura material e atingiu um alto nível de organização interna. O número de sócios crescia a cada mês e já em
1942 o clube promoveu o 1º Salão de Arte Fotográfica de São Paulo, que contou com o apoio da Prefeitura do
Município.
Helouise Costa e Renato Rodrigues (1995, p. 43)
Foto da fundação:
28 de abril de 1939 (Acervo Biblioteca FCCB).
1939: Eduardo Salvatore nasceu
em São Paulo (1914-2006) e é advogado formado pela Faculdade de Direito do
Largo São Francisco, em São Paulo, desde 1936. A partir de 1937, dedica-se, como amador e autoditata, à
fotografia artística. Foi presidente do Foto Cine Clube Bandeirante em
1943 até 1990, membro dos juris dos Salões, orientador de seminários,
integrante de excursões fotográficas, palestrante, escrevia para revistas
especializadas.
Esquerda: Eduardo Salvatore.
Direita: Sombras da Tarde, 1948.
O trabalho de Salvatore
de como fotógrafo traz a geometrização dos
motivos e manipulação de claros-escuros radicais. Em 1950, organiza a Confederação Brasileira de Fotografia e Cinema (CBFC), que reúne os Foto-Clubes do país e representa o Brasil na Fédération International de l'Art Photographique (FIAP), com
sede na Suíça. Preside a CBFC de 1950 a 1989. Participa de
inúmeras exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior,
conquistando reconhecimento internacional.
1939: José Yalenti (1895-1967) foi um dos fundadores do Foto Cine Clube Bandeirante. Incorporou a geometrização dos motivos,
enfatizando jogos de linhas e planos e descentrando definitivamente o interesse
pelos objetos em si. Privilegiou o elemento arquitetônico.
Esquerda embaixo: Paralelas e diagonais, 1945.
1942: O Photo Club Brasileiro, no Rio de Janeiro, e o Foto Clube Bandeirante, em
São Paulo, organizam exposições e o Primeiro Salão Nacional
de Fotografia.
1944: A revista O
Cruzeiro traz imagens de Jean Manzon do encontro com os índios xavantes, os problemas sociais, os
tipos regionais, os trabalhadores, os retratos de políticos e artistas. Estas
imagens foram reproduzidas em jornais e revistas estrangeiras. Jean Manzon ajudou a criar a dupla fotógrafo-repórter, ao
lado de David Nasser, produziu mais de 300
reportagens entre 1943 a 1951.
Esquerda: Jean Manzon.
Direita: Portinari.
Jean Manzon nasceu em Paris, França, em 1915 e faleceu em
São Paulo, em 1990. Iniciou a carreira como repórter fotográfico do
jornal Paris Soir e,
posteriormente, integrou a equipe de jornalistas que fundou o Paris Match.
Em 1940, conheceu o cineasta Alberto Cavalcanti e, influenciado por ele, decidiu vir para o
Brasil. Fixou-se no Rio de Janeiro,
onde exerceu uma intensa atividade profissional. Jean Manzon colaborou com as revistas ilustradas dos
Diários Associados e, especialmente, com a revista O Cruzeiro (1943-1952),
inovando a reportagem fotográfica no Brasil.
Esquerda: Villa Lobos.
Direita: Carmem Miranda.
Em 1952, fundou a empresa cinematográfica Jean Manzon Produções, produzindo, ao longo de sua vida, cerca de 900 documentários, na
maioria sobre o povo, a cultura e as cidades brasileiras. Em 1966, recebeu o Leão de Ouro do Festival de Cinema de Veneza, Itália, pelo filme documentário L'Amazone.
Esquerda: Hugo Borghi, c. 1950.
Direita: Juscelino
Kubitschek e Lucio Costa, Brasília, c. 1957.
Dica de Filme:
Sinopse: Berlim, início do século XX. Olga Benário (Camila Morgado) é uma jovem judia alemã. Militante comunista, é perseguida pela polícia e foge para Moscou, onde recebe treinamento militar e é encarregada de acompanhar Luís Carlos Prestes (Caco Ciocler) de volta ao Brasil. Na viagem, enquanto planejam a Intentona Comunista contra o presidente Getúlio Vargas, os dois acabam apaixonando-se. Parceiros na vida e na política, Olga e Prestes terão de lutar pelo amor, pelo comunismo e, principalmente, pela sobrevivência.
Direção: Jayme Monjardim, 2004.
Referências:
COSTA, Helouise; RODRIGUES, Renato. A fotografia moderna no
Brasil. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ: IPHAN:
FUNARTE, 1995.
KOSSOY,
Boris. Os tempos da fotografia: o efêmero e o perpétuo. Cotia, SP: Ateliê
Editorial, 2007.
OLIVEIRA, Erivam Morais de; VICENTINI, Ari. Fotojornalismo: uma viagem entre o analógico e o digital. São
Paulo: Cengage Learning,
2009.
SENAC. DN. Fotógrafo: o olhar, a técnica e o
trabalho. Rose Zuanetti; Elizabeth Real, Nelson Martins et al.
Rose Zuanetti;
Elizabeth Real, Nelson Martins et al. Rio de Janeiro: Ed. Senac
nacional, 2004.
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