1977: Susan Sontag publica
seu influente Sobre fotografia,
uma série de ensaios que oferece uma
leitura da fotografia em termos de sua relação privilegiada com o real.
1977: O camaronês Samuel Fosso (1962) faz autorretratos em
seu próprio estúdio em Bangui, República Centro-Africana. Recriava estilos
descolados e cosmopolitas, uso exuberante da moda e das poses ocidentais,
representava a cultura jovem africana.
Ao
utilizar roupas e acessórios, como calças boca de sino, camisas de colarinho
pontudo e luvas, elabora diferentes estilos tendo como referência a moda
ocidental, busca, assim, problematizar a identidade africana, em diálogo com
elementos de outros países.
Em
2008, criou a série African Spirits (Espíritos
africanos) em que posa como negros importantes da história americana, como
Malcolm X, a ativista Angela Davis e Martin Luther King. Fosso
interpreta Muhammad Ali como uma reminiscência de São Sebastião, um mártir
cristão assassinado pelos romanos, a imagem é uma mistura de elementos do
boxeador, como o calção, com as flechas no tórax e na perna como na imagem do
santo (abaixo). [...] O objetivo de Lois [capa da revista Esquire Magazine, 1968] era retratar o boxeador como um
mártir, assim como São Sebastião, que foi morto por seu compromisso com Cristo,
a imagem de Ali por fim passa a ser um cartaz anti-guerra do Vietnã.
Na
série Le
revê de mon grand-père (O sonho do meu avô, 2003), em que relembra uma visita que fez ao avô
na infância, quando ele era chefe da aldeia e curandeiro. A série é uma
homenagem ao avô, utilizando trajes e objetos que o representa e ele mesmo
quando criança, baseado em suas memórias e o que aprendeu com as tradições
orais africanas. As imagens feitas em estúdio, com iluminação criada para dar
tal ideia de representação, desloca-se o ritual do espaço onde realmente ocorre
e a cena prende pela pose, pelo uso das cores, pelo enquadramento e ângulo
planejado.
1978: A
Noritsu apresenta nos Estados Unidos o primeiro sistema "Minilab", máquina/laboratório de revelação e
impressão rápida de fotografias.
A Konica apresenta a primeira câmara com sistema de autofocus 35 mm (não reflex).
1979: Nan Goldin nasceu em Washington, D.C., em
1953, cresceu em uma família judia de classe média alta em Boston,
Massachusetts. Sua primeira exposição foi realizada em Boston em
1973, com imagens feitas em comunidades
gays e transexuais da
cidade, introduzida no meio pelo amigo David Armstrong. Depois de se formar,
Goldin mudou-se para Nova York e começou a documentar o cenário new-wave pós-punk e a
subcultura gay no
final da década de 1970 e começo da década de 1980. Sua irmã Bárbara suicidou-se e isso
marcou sua vida. Usava a Polaroid que
ganhara na escola para registrar cada detalhe de sua vida e da vida de seus
amigos.
Autorretrato no trem, Alemanha, 1992.
Nan Goldin começa seu diário visual íntimo A
balada da dependência sexual,
(imagens feitas de 1981 a 2008) que lida com a política sexual e revela a vida
e os amores de uma comunidade marginal urbana no Lower East Side, em Nova York. A coleção tem 700 slides acompanhadas de músicas durante 45
minutos. A foto de Nan um mês após ser espancada (abaixo)
mostra o relacionamento violento entre ela e o namorado, Brian.
Esquerda: A
balada da dependência sexual (1986). A imagem da capa é "Nan e Brian na cama" (1981). Imagem feita com uma camera escondida.
Direita: Nan
Goldin, O abraço,
NYC, 1980.
“Às vezes eu não sei como me
sinto em relação a alguém até fotografá-lo ou fotografá-la. Eu não escolho as
pessoas com o objetivo de fotografá-las. Eu fotografo diretamente da minha
vida. Estas imagens surgem a partir de relacionamentos, não de observações”. Nos anos de 1970, o amigo David Armstrong
introduz Nan Goldin à boate The other side, em Boston, e ao mundo das drag
queens. Para Goldin, as drags são rainhas, e a fotógrafa também
se sente uma rainha ao lado delas. A cor, principalmente
a cor viva, passa a ser uma das marcas registradas de sua obra.
Esquerda: Nan
Goldin, Misty e Jimmy Paulette em um
táxi,
NYC, 1991.
Em 2003, sua série de slides Heartbeat, composta
de 245 imagens embaladas por uma trilha sonora criada
pela cantora Björk, é exibida pela primeira vez na Matthew
Marks Gallery, em Nova
York, após ser vista em museus de Paris,
Londres, Madri, Porto, Turim e Varsóvia, dentro da exposição Still on earth.
Em novembro de 1989, Nan Goldin é curadora da exposição “Testemunhas contra nosso
desaparecimento” na
Galeria Artists Space, Nova York. Muitas das fotos enfocaram o impacto da Aids sobre o corpo
humano. Algumas imagens eram sexualmente
explícitas, celebrando o corpo e a sexualidade. A intenção dos artistas foi alertar outras pessoas da
devastação de sua comunidade e
oferecer um espaço de apoio aos que estavam morrendo de Aids. Abaixo uma série de fotos de Gilles
Dusein
e Gotscho
(1992-1993).
Direita: Gotscho beijano Gilles, 1993.
Em 2007, foi agraciada com o Hassleblad Award. A respeito dos novos olhares sobre seus
amigos, amantes, sua família e as mais diversas paisagens, diz: “Meu trabalho muda como eu mudo.
Eu acho que o trabalho de um artista tem que mudar, caso contrário, você se
torna uma réplica de si mesmo”.
Lambs Ears (for Parkett
n. 57),
1999.
Dica de Filme:
Sinopse: Um ladrão ataca um casal, terminando por matar a mulher e deixando o homem à beira da morte. Porém, ele sobrevive e a partir de então passa a sofrer de uma doença que o impede de gravar na memória fatos recentes, o que faz com que ele esqueça por completo algo que acontece poucos instantes antes. A partir de então ele parte em uma jornada pessoal a fim de descobrir o assassino de sua mulher para poder vingá-la.
Direção: Christopher Nolan, 2001.
Referências:
HACKING, Juliet (editora geral). Tudo sobre fotografia. Tradução de Fabiano Morais, Fernanda
Abreu e Ivo Korytowski.
Rio de Janeiro: Sextante, 2012. Título original: Photography: the whole story.
REVISTA FHOX. Dez. 1999/jan. 2000. Ano
XI. N. 58. São Paulo: Fhox, 1999.
TOREZANI, Julianna Nascimento. Desterritorialização e Performance nos Retratos de
Cindy Sherman e Samuel Fosso. Recife: UFPE, 2015.
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