1994: O fotógrafo James Nachtwey fotografa os conflitos em Ruanda. Ele nasceu em Massachusetts, em 1948, e
desde cedo começou a se interessar pelo mundo da fotografia. Estudou História da Arte e Ciências Políticas.
Foi em 1970, após ver a foto de Nick Ut da menina vietnamita correndo nua
com o corpo queimado pela bomba de napalm, que resolveu definitivamente
seguir esta profissão. As imagens de seu trabalho são fortes, violentas e
despertam as pessoas para o tão cruel que o mundo pode ser.
Nicarágua,
1984.
Nos anos 1970 começou sua
carreira como fotógrafo em um
jornal do estado americano do Novo México. Em 1980, mudou-se para Nova York e
passou a atuar como freelancer para revistas.
Romênia,
1990.
Sua primeira cobertura internacional foi no ano 1981, sobre os conflitos civis na Irlanda do
Norte, durante a greve de fome do IRA (Exército Republicano
Irlandês). Desde então dedica-se a documentar guerras, conflitos e questões
sociais críticas,
além da fome, poluição industrial, AIDS e outros temas sociais.
Bósnia,
1993. Limpeza étnica em Mostar. Miliciano croata abrindo foto
sobre seus vizinhos muçulmanos.
Trabalhou em lugares remotos em países
como Afeganistão, Sudão, Ruanda, Indonésia, Chechênia, Israel, Paquistão, Índia
e 30 outros países: El Salvador, Nicarágua, Guatemala, Líbano, Faixa de Gaza,
Israel, Tailândia, Sri Lanka, Filipinas, Coreia do Sul, Somália, África do Sul,
Rússia, Bósnia, Kosovo, Romênia, Estados Unidos e Brasil.
Alabama, 1994.
Ele cobriu, por mais de 20 anos, boa parte das tensões bélicas da
segunda metade do século XX. É fotógrafo da Revista Time desde 1984. Membro da Agência Magnum de 1986 a 2001. Como Robert Capa, Nachtwey
sempre está muito próximo aos acontecimentos que registra.
Chechênia, 1996.
Em 2003, atuava como correspondente da Revista
Time em Bagdá e foi ferido por uma granada quando
acompanhava uma patrulha dos Estados Unidos. Ficou internado inconsciente por
alguns dias. Em 1º de fevereiro de 2014, foi ferido a tiro durante confrontos pré-eleitorais na
capital tailandesa, em Bancog.
Albânia,
1999.
"O fotojornalista James Natchwey
foi ferido a bala em uma perna durante confrontos que ocorreram na capital
tailandesa, mas não foi grave e ele retomou seu trabalho pouco depois",
anunciou a Time em seu site na internet.
Kosovo,
1999.
"Acertaram sua perna. A bala
atravessou de lado a lado, mas não tocou o osso. Incrivelmente, em seguida
(ele) retomou o trabalho", disse Kira Pollack, diretora de fotografia da Time.
Zimbabue,
2000.
Site oficial: http://www.jamesnachtwey.com/
Nova
York, 2001.
Recebeu diversos prêmios: Common
Wealth Award; Martin
Luther King Award; Dr.
Jean Mayer Global Citizenship Award; Henry
Luce Award; Robert
Capa Gold Medal (cinco vezes); World
Press Photo Award
(duas vezes); Magazine
Photographer of the Year
(sete vezes); International Center of Photography Infinity Award (três vezes); Leica
Award
(duas vezes); Bayeaux
Award
for War Correspondents (duas vezes); Alfred Eisenstaedt Award; Canon Photo essayist Award; W. Eugene Smith Memorial Grant para Humanistic
Photography.
Iraque,
2003. Mulheres em véus negros.
Em 2001, foi lançado o documentário “Fotógrafo de
Guerra” (War Photographer), sobre seu trabalho do fotógrafo. O
diretor Christian Frei utilizou micro-câmeras especiais acopladas à câmera fotográfica
dele, proporcionando ao público a oportunidade de acompanhar o fotojornalista
em ação. O documentário foi filmado em dois anos durante os conflitos de
Kosovo, Palestina e Indonésia. O documentário foi nomeado ao Oscar
de melhor documentário.
“Eu
tenho sido uma testemunha, e estas imagens são meu testemunho. Os eventos
já registrados não devem ser esquecidos e não devem ser repetidos”.
Campo
de refugiados sírios de Za’atari, 2014.
1994: O fotógrafo francês nascido em Tours Luc Delahaye (1962)
é indicado para ingressar na Magnum
Photos desde
1998 e contratado como fotógrafo pela Newsweek. Suas
obras mostram a arquitetura, a paisagem e as pessoas. Apresenta acontecimentos
globais, como protestos políticos, desastres naturais, sinais de guerra e
genocídios.
“Como repórter fotográfico sua carreira
constitui-se, principalmente, na produção de imagens de guerra, tendo coberto
os conflitos nos Bálcãs (na Croácia, em 1991, e em Sarajevo, entre os anos 1992/95), além de ter
estado presente em guerras e conflitos no Iraque, no Líbano, em Israel, em Ruanda, na Chechênia, na Bósnia e no Afeganistão”
(FARACHE, 2007, p. 3).
Esquerda: Homem dormindo; Dubai,
Abril de 2008.
Direita: Ambush;
Ramadi, Iraque, 22 de julho de 2006.
“Na fotografia Taliban, um jovem homem
ocupa, absoluto, o meio do quadro, imóvel, morto ou talvez quase morto - o que
se vê não é suficiente para determinar. Também não é possível aferir que o
personagem seja um soldado ou um guerrilheiro. O colete verde, com vários
bolsos, indica uma roupa de combate, para armas e munições. Mas nada disso está
presente na fotografia, apenas na nossa memória e imaginação – que pode ou não
estar de acordo com a realidade da cena retratada. Deitado sobre o chão de
areia, se sobressai na sua face, embora num detalhe quase imperceptível a um
primeiro olhar, o vermelho do fio de sangue que escorre pelo canto esquerdo de
sua boca. Marcas de perfurações de bala descem pelo seu quadril direito até
desaparecerem no chão, onde se vê uma pequena mancha de sangue. O corpo está
numa posição de leve contorção, e enquanto a parte inferior pende para a
esquerda, a cabeça cai para o lado oposto” (FARACHE, 2007, p. 4-5).
Prêmios: 1992 Grand Prix Paris Match para o
fotojornalismo; 1992: Robert Capa Gold Medal
Award; 1992: World Press Photo (1º
prémio, Notícias histórias); 1993: World Press Photo (1º
prémio, People in the News); 1994: Grand Prix Paris Match para o
fotojornalismo; 2000: Oskar Barnack Award; 2001: Infinity Award de Fotojornalismo; 2001: World Press Photo (1º
prémio, Notícias histórias); 2002: Prêmio Niépce; 2002: Bayeux-Calvados Prêmio de
Correspondentes de Guerra; 2002: Robert Capa Gold Medal
Award; 2005: Prêmio de Fotografia Deutsche Börse; 2012: Prix Pictet.
Esquerda: Hotel
Palestine, home of the international media in Baghdad, Iraq, 2003.
Direita: Baghdad IV, 2003.
Esquerda: Karni Cruzamento de demonstração;
Gaza, 23 de maio de 2008.
Direita: Uma
vala comum perto de Snagovo; Bósnia-Herzegovina, 16 de
novembro de 2006.
1994: A artista iraniana Shirin Neshat (1957)
que saiu do Irã para os Estados Unidos em 1974, aos dezessete anos, antes da
Revolução de 1979. Em 1993, volta ao Irã e faz a série Mulheres
de Alá (1993-1997), que tem como elementos
simbólicos o véu islâmico, a arma, o texto e o olhar. Neshat
incluiu textos em farsi nas fotos, são prosas e poesias escritos por
mulheres iranianas. As imagens discute a identidade das mulheres iranianas em
relação ao fundamentalismo islâmico e a militância política no país.
A
artista estudou em uma escola católica no Teerã, e em 1979, antes da Revolução
Iraniana, ela se mudou para os Estados Unidos. Formou-se em Artes na
Universidade da Califórnia, e depois partiu para Nova York.
“Apesar da representação ocidental do véu como símbolo da opressão
mulçumana à mulher, as
modelos dessas imagens transmitem força e decisão. Na verdade, o uso do véu
negro como um uniforme transformou o corpo feminino em um corpo de guerreira,
uma guerreira determinada e até mesmo heroica”, afirma Neshat.
Duas obras em vídeo de Neshat,
Turbulenta (1998)
e Êxtase (1999), ganharam um prêmio na Bienal de
Veneza por sua crítica á sociedade patriarcal do Irã, a discriminação e a democracia no Irã.
A Revolução Islâmica que
ocorreu em 1979 a impediu de retornar ao país, só conseguindo voltar em 1993.
Nesta série de imagens, a artista analisa a discrepância entre as experiências
passada e presente dela no Irã, além de poder demonstrar sua identidade
cultural e religiosa.
Partindo desse trabalho fotográfico, em
que do ponto de vista ocidental, muitos destes ícones da cultura oriental são
publicados pela mídia de formas diferentes, sobretudo após o ataque terrorista
que ocorreu em Nova York em 2001.
O filme Mulheres sem Homens (2009)
foi baseado no romance da escritora Shahrnush Parsipur, que vive no exílio e teve a obra
proibida em seu país, o roteiro conta a história de quatro mulheres submetidas
a discriminação no Irã de 1953, momento em que o país passava por vários
problemas políticos. Esta obra foi premiada com o Leão de Prata no Festival de
Veneza, em 2009.
Dica de Filme:
Sinopse: James Nachtwey é um renomado fotógrafo de guerra e esteve em grande parte dos conflitos nas últimas duas décadas. Sua produção não se restringe ao combate, mas aborda também questões sociais importantes, como a miséria e a violência. O documentário explora suas motivações, seus medos e seu cotidiano, destacando alguma de suas viagens e o momento em que fotografa.
Direção: Christian Frei, 2001.
Referências:
FARACHE, Ana. Estética do fragmento no
fotojornalismo contemporâneo: corpo, morte e temporalidade nas imagens de Luc Delahaye.
In: Anais do XXX Congresso Brasileiro
de Ciências da Comunicação. Santos:
Intercom,
2007. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/r1682-1.pdf.
HACKING, Juliet (editora geral). Tudo sobre fotografia. Tradução de Fabiano Morais, Fernanda
Abreu e Ivo Korytowski.
Rio de Janeiro: Sextante, 2012. Título original: Photography: the whole story.
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