1990: A foto de Therese
Frare intitulada
Os
últimos momentos de David Kirby foi
publicado na revista Life, em
preto e branco. A imagem retrata Kirby, vítima da aids, à beira da morte. A foto
ganhou o Prêmio Budapest no concurso World Press Photo
de 1991 e foi publicada pela Life. Dois anos depois a Benetton usou
a imagem numa campanha publicitária de conscientização que casou controvérsia,
a imagem tem o potencial de chocar. A cena apresenta uma semelhança com La Pietà de Michelangelo. Detalhe para o rosto e para as mãos.
A foto foi tirada na Pater Noster House,
na cidade americana de Columbus, Ohio, em maio de 1990.
História completa: http://colunas.revistaepocanegocios.globo.com/lospantones/2010/12/06/a-historia-da-foto-que-mostrou-a-aids-para-o-mundo/
Oliviero Toscani
nasceu em 1942, em Milão, Itália, fotógrafo de arte e de moda com passagens pelo publicidade de humor
negro e alto impacto dos ingleses da agência Thompson. Além de contratado da
Benetton com carta branca de Luciano
Benetton. Em uma magistral estratégia de
administração de mídia, Toscani nestes dezoitos anos capitalizou espaço
gratuito multimídia veiculando em suas fotos temas tabú
da atualidade tais como: AIDS,
Guerra da Bósnia, Racismo e preconceito, Religião.
Sua propaganda suscita debates que fazem
os fruidores
comunicarem-se, exporem-se, assumirem posturas, propagando uma atitude de
conversação, prosa. Toscani
também é autor do livro A publicidade é um cadáver que nos sorri, no qual conta suas experiências e fala
sobre ética publicitária.
1991: A Kodak
lança a DCS-100 (Digital
Camera System), primeira câmara reflex com lente única (SLR) digital comercial. O aparelho combina um corpo
Nikon F3 a um sensor digital Kodak. Destinada principalmente para
fotojornalistas.
1991: Richard Prince refotografa
o Homem de Marlboro, o caubói das campanhas publicitárias
dos cigarros da Philip Morris para a série Cowboy (abaixo). A imagem simbólica da masculinidade, da
solidão e da liberdade americana. Tirada durante os primeiros anos do governo
do Presidente Reagan, a imagem romantizada do caubói também
apontava para uma imagem pública do presidente.
Nasceu em 1949, é um pintor e fotógrafo americano. Começou apropriando sua
imagem do Cowboy, de uma imagem feita em 1975. Seu museu, Second House, foi comprado pelo Museu Guggenheim, foi
atingido por um raio e queimou logo após o museu adquiri-lo.
Re-fotografia utiliza apropriação de imagens: a partir
dos trabalhos de outros, criam o seu próprio trabalho. Apropriação
arte tornou-se popular no final de 1970.
Sem
Título (Cowboy),
por Richard Prince (2001-02) foi vendida
por US$ 3,4 milhões.
1992: O artista mexicano Gabriel Orozco (1962)
cria obras que visam aumentar a percepção dos observadores do mundo à sua volta usando fotografias, instalações, vídeos,
desenhos e esculturas.
Gato na Selva (abaixo) é uma
montagem de 18 latas de vagens enlatadas e uma lata de comida de gato inserida
no meio. A associação transfigura as latas de vagens em um jardim ou selva, e o
rosto do gato é igualmente animado.
Nasceu em 27 de abril de 1962 em Veracruz,
no México. Ele estudou na Escola
Nacional de Artes Plásticas, entre
1981 e 1984 e no Círculo
de Belas Artes em Madrid,
entre 1986 e 1987. Ganhou sua reputação no início de 1990
com a sua exploração de desenho,
fotografia, escultura e instalação. Em
1998, Francesco Bonami o chamou de "um dos artistas
mais influentes da década e, provavelmente, o próximo também”.
"O que é mais importante não é tanto
o que as pessoas vêem na galeria ou museu, mas o que as
pessoas vêem
depois de olhar para essas coisas, como eles confrontar a realidade novamente“,
Gabriel Orozco.
Sleeping Dog, 1990.
Minhas
mãos são o meu coração é
uma pequena obra escultórica em forma de coração feito em 1991 pelo artista
aplicando pressão com os dedos em um pequeno pedaço de barro,
deixando a impressão de seus dedos na forma de um coração. A natureza
durável de argila endurecida contrasta com a vulnerabilidade macio da
identificação do objeto como um órgão humano. Minhas mãos estão o meu coração também se refere à díptico de
fotografias tiradas com o artista, de peito nu, segurando o trabalho perto de
seu coração real (abaixo).
Em 2011, a Tate Modern
de Londres realiza uma retrospectiva da obra de Gabriel Orozco que
inclui sua série fotográfica Até você achar outra andorinha amarela
(1995).
Gatos e Melancias (1992).
1992: A fotógrafa e videoartista inglesa Gillian Wearing (1963)
começa sua primeira colaboração significativa com o público e fotografa pessoas
segurando cartazes para a série Cartazes que dizem o que você
quer que eles digam e não cartazes que dizem o que outra pessoa quer que você
diga. São 50 fotografias coloridas de
habitantes urbanos que foram abordadas na rua e escreveram o que passava por
suas cabeças. As imagens demonstram a complexidade das pessoas em suas questões psicológicas e uso de máscaras, a série foi exposta na Galeria City Racing, em Londres, de 1993 a 1996.
“O texto funciona como a voz do sujeito
emudecido.[...] Os cartazes tornam
públicos os pensamentos interiores privados. As palavras são engraçadas,
tocantes e perturbadoras. [...] Os retratos sugerem que as aparências são
enganosas e que as pessoas retratadas são frágeis e complexas”.
Tudo sobre fotografia, 2012, p. 435
“Estas mensagens elaboradas pelas pessoas
funcionam como sua voz, assim a fotógrafa cria um projeto que problematiza a
relação entre a imagem que as pessoas aparentam ter e seus sentimentos e
emoções do que estão vivendo numa determinada situação na vida, tornando
públicos seus pensamentos, em suas performances
diárias” (TOREZANI, 2014, p. 20).
A instalação História
da família que
percorreu o Reino Unido, incorporando autorretratos com seus avós maternos de
sua série Álbum.
Esquerda: Self-Portrait at Three Years Old, 2004.
Direita: Self Portrait at 17 Years Old, 2003.
As fotografias servem para lembrar de
histórias pessoais, assim memória e identidade são os elementos chave para
entender e provocar o passado e o presente. Ao usar roupas, próteses de
silicone e maquiagem transforma-se em sua mãe, seu pai, seus tios e seus irmãos
em várias épocas.
Esquerda:Self Portrait as My Mother Jean Gregory, 2003.
Direita: Self Portrait as my Father Brian Wearing, 2003.
Ao abordar fases do passado, Wearing,
mesmo usando máscaras e performances, não pretende esconder uma identidade
pessoal, mas revelá-la, encontrá-la, percebê-la, como uma vontade de entender e
conhecer sua história, sua família, seus traços físicos e sua herança
biológica. É uma volta a si própria, em busca do
jogo entre o conhecido e o desconhecido.
Esquerda: Me as Arbus, 2008.
Direita: Me as Warhol in Drag with Scar, 2010.
1994: Em apenas cem dias aproximadamente 800 mil pessoas foram massacradas
em Ruanda por extremista hutus, configurando um conflito étnico. Os hutus vitimaram membros da comunidade
minoritária tutsi,
assim como seus adversários políticos. Em 6 de abril, um avião que transportava os presidentes da Ruanda, Juvenal Habyarimana, e do Burundi, Cyprien Ntaryamira,
ambos da etnia hutus, foi derrubado. Os extremistas
hutus culparam os tutsis e logo após iniciaram os assassinatos. As fotos dos conflitos em 1994 em Ruanda não são vendidas para os jornais franceses por causa da banalização da violência. Muitas pessoas morreram a falcão pelos hutus ou de fome durante a caminhada procurando refúgio em outros países ou de cólera nos campos de refugiados.
Imagem de Sebastião Salgado, Ruanda, 1994.
“As listas de opositores do governo foram
entregues às milícias, juntamente com os nomes de todos os
seus familiares. Vizinhos mataram vizinhos, e alguns maridos até mataram suas
mulheres tutsis, dizendo que seriam mortos caso se recusassem. [...] Milhares
de mulheres tutsi foram levadas e mantidas como escravas sexuais”.
Imagens de Sebastião Salgado, Ruanda, 1994
“Quase dois milhões de pessoas foram julgados em tribunais locais por seu papel no
genocídio e os líderes do massacre, em um tribunal da ONU na vizinha Tanzânia. Agora é ilegal falar sobre etnia
em Ruanda - o governo diz que isso evita mais
derramamento de sangue, mas alguns dizem que impede uma verdadeira
reconciliação e apenas coloca uma tampa sobre as tensões, que vão acabar
fervendo de novo no futuro”.
Um
homem hutu que não apoiou o genocídio tinha sido preso no campo de
concentração, passou fome e foi atacado com facões. Conseguiu sobreviver depois
que foi libertado e colocado sob os cuidados da Cruz Vermelha, Ruanda, James Nachtwey, 1994.
Zaire
- Refugiados hutus foram atingidas pela cólera e enterrados em sepulturas em
massa. James Nachtwey, 1994.
Dica de Filme:
Sinopse: Em 1994 um conflito político em Ruanda levou à morte de quase um milhão de pessoas em apenas cem dias. Sem apoio dos demais países, os ruandenses tiveram que buscar saídas em seu próprio cotidiano para sobreviver. Uma delas foi oferecida por Paul Rusesabagina (Don Cheadle), que era gerente do hotel Milles Collines, localizado na capital do país. Contando apenas com sua coragem, Paul abrigou no hotel mais de 1200 pessoas durante o conflito.
Direção: Terry George, 2004.
Referências:
HACKING, Juliet (editora geral). Tudo sobre fotografia. Tradução de Fabiano Morais, Fernanda
Abreu e Ivo Korytowski.
Rio de Janeiro: Sextante, 2012. Título original: Photography: the whole story.
REVISTA FHOX. Dez. 1999/jan. 2000. Ano
XI. N. 58. São Paulo: Fhox, 1999.
Nenhum comentário:
Postar um comentário