quinta-feira, 23 de abril de 2015

A Fotografia no Século XXI - Parte 4

2007: Vivian Dorothea Maier nasceu em Nova Iorque, em 1926 e faleceu em 2009, foi uma fotógrafa norte-americana que especializou-se em Street photography (fotografia de rua). 

Maier passou a sua infância na França e após voltar para os Estados Unidos, trabalhou como babá por mais de 40 anos e durante este período, em seus dias de folga, fotografou a cidade de Nova Iorque, focando nas ruas, nas pessoas e nos edifícios, sempre com a sua câmera Rolleiflex. Foram mais de 150 mil fotografias mostrando as pessoas e a arquitetura da sua cidade natal, além de Los Angeles e Chicago entre as décadas de 1950 e 1960. Vivian também fez fotos de Manila, Bangkok, Pequim, Egito e Itália.

Ela começou a fotografar na França com uma câmera Kodak BrownieEste material só foi descoberto em 2007, por John Maloof, que reconheceu o valor artístico e histórico do material, mas foi somente após a sua morte que houve o reconhecimento do seu trabalho e o material começou a ser reproduzido na internet e em revistas especializadas, além da publicação de livros com o seu acervo e exposições na Alemanha, Inglaterra, França, Bélgica e Suécia.

Filme: “Vivian Maier: uma fotógrafa de rua”. 


2008: Lançamento da primeira câmera Mirrorless pela Panassonic. Características: ausência de espelho; mais leves, compactas e silenciosas; a imagem se reproduz diretamente no sensor, este fica sempre exposto, o que diminui sua vida útil.


2009: O livro de fotografias Consequências propositais: filhos do estupro em Ruanda, do fotojornalista israelense Jonathan Torgovnik (1969), aborda o período posterior ao genocídio ruandês de 1994. São fotos de mulheres tutsi com os filhos que tiveram após serem estupradas por milicianos hutu.

Esquerda: Anastasie Mukarutabana (43) e Theogene Twagirumukiza (12).
Direita: Claudin Mukakalisa (26) e Jeandediue Ufiteyezu (11) Gisazi, Ruanda.

2009: A Coolpix S1000pj da Nikon e sua sucessora foram as primeiras e únicas câmeras digitais com um projetor embutido. A luz do projetor era de 10 lúmens, e uma imagem VGA ficava com um metro em uma parede a 2 metros de distância. Tinha até um controle remoto e uma base. Pode adicionar música de fundo e transições especiais entre uma foto e outra.

2010: Em dezembro de 2010, aconteceu uma série de revoltas no Oriente Médio e no norte da África que foram chamadas de Primavera Árabe, redesenharam o quadro geopolítico desta região como a mudança de líderes que estavam no poder por muito tempo e a geração de eleições para novos representantes de várias nações. O início destes movimentos ocorrera em função de um protesto pelas condições de vida em seu país quando um jovem tunisiano de 26 anos, chamado Mohamed Bouazizi, ateou fogo ao próprio corpo. 

Na Tunísia, o ditador Zibe al-Abdine Bem Ali se exilou na Árabia Saudita após ficar no poder desde 1987 e a população elegeu o Ennahda para governar o país em 2011, considerado um partido islâmico moderado, o atual presidente é  Béji Caid Esselsi desde dezembro de 2014.
Esquerda: "Liberdade". Túnis, 22/01/2011. Foto: Finbarr O'Reilly/Reuters.
Direita: Policiais detêm manifestante durante confronto em Túnis, Tunísia. 14/01/2011. Foto: Christophe Ena/APters.

No Egito, o presidente que estava no poder por 30 anos, Hosni Mubarak, renunciou por conta de inúmeras manifestações ocorridas na Praça Tahrir, na capital Cairo, em 2012 foi eleito o primeiro presidente civil, Mohammed Morsi, deposto em 2013 por um golpe militar, atualmente o país tem como presidente Abdul Fatah Khalil Al-Sisi desde junho de 2014.
Esquerda: Opositor se esconde de manifestantes pró-Mubarak, no Cairo. Egito, 02/02/2011. Foto: Sebastian Scheiner/AP.
Direita: Ambulância deixa rastro de luz ao transportar feridos na praça Tahrir, Egito. 21/11/2011. Foto: Amr Abdallah Dalsh/Reuters.

Na Líbia, o ditador Muamar Kadafi no cargo de presidente desde 1969 foi capturado e morto em Sirte por opositores ao governo após um período de uma violenta guerra civil (Figura 9), após inúmeras trocas de nomes para governar, atualmente o país tem como presidente da Câmara dos Representantes, Aguila Salah Issa desde agosto de 2014.
Esquerda: Veículos pertencentes a Kadafi são bombardeados pela oposição em estrada entre Benghazi e Ajdabiyah. 20/03/2011. Foto: Goran Tomasevic/Reuters.
Direita: Corpo de Kadafi após sua captura. Misrata, 21/10/2011. Foto: Manu Brabo/AP.

No Iêmen, o presidente Ali Abdullah Saleh foi gravemente ferido em um ataque contra a mesquita do palácio presidencial e meses depois assinou um acordo para deixar o poder, o vice-presidente Abd Rabbuh Mansur al-Radi anunciou um governo de  reconciliação nacional e foi eleito em 2012. 
Esquerda: Manifestação pela renúncia do presidente Ali Abdullah Saleh, em Sanaa, Iêmen. 01/03/2011. Foto: Muhammed Muheisen/AP.
Direita: Sanaa, Iêmen. 23/11/2011. Foto: Khaled Abdullah/Reuters.

Na Síria, há quatro anos (desde janeiro de 2011) ocorre uma guerra civil entre opositores que querem a renúncia do presidente e apoiadores do regime de Bashar al-Assad, ele se mantém no poder desde 2000, após a morte de seu pai, Hafez al-Assad, em 2014 ele se elegeu para o terceiro mandato com 88,7% dos votos, as eleições ocorreram em áreas controladas pelo governo, essa guerra já gerou 191 mil mortos e inúmeros refugiados. Mesmo com as mudanças ocorridas, percebe-se que os movimentos de mudança no cenário político desta região ainda estão inacabados.
Esquerda: Ato pró-Assad em Damasco, Síria. 28/11/2011. Foto: Sana/Reuters.
Direita: Manifestantes pró-Assad em Latakia, Síria. 27/10/2011. Foto: Sana/Reuters.


Dica de Filme:

Sinopse: Principal espaço público na história egípcia recente, a praça Tahrir, no centro de Cairo, capital do Egito, foi o local escolhido por milhares de jovens para a revolta popular. A área reúne diversos sonhos e diferentes ideais com uma motivação em comum: protestar contra e derrubar o presidente Hosni Mubarak e seu sucessor Mohamed Mursi.
Direção: Jehane Noujaim, 2013.

Referências:

FRAIA, Emílio. A descoberta do tesouro Vivian Maier. In: Folha de São Paulo. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2014/06/1469934-a-descoberta-do-tesouro-vivian-maier.shtml. Acesso em: 08 abr. 2015.
HACKING, Juliet (editora geral). Tudo sobre fotografia. Tradução de Fabiano Morais, Fernanda Abreu e Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. Título original: Photography: the whole story.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

A Fotografia no Século XXI - Parte 3

2004: Revista personalizada - Reason, publicada em junho de 2004 – 40 mil capas diferentes. A equipe editorial realizou um cruzamento do endereço do assinante com o Google Maps. Cada assinante recebeu a sua revista com a foto da sua casa em destaque.

2004: O Facebook foi criado em 4 de fevereiro de 2004 por Mark Zuckerburg, Dustin Moskovitz, Eduardo Saverin (brasileiro) e Chris Hughes, ex-alunos de Havard. Os estudantes desenvolveram o Facebook em 2004 somente para os alunos da universidade, aproveitando a onda dos blogs. No espaço de dois meses o Facebook foi  expandido ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), à Universidade de Boston, ao Boston College e a todas as escolas Ivy League. Um ano depois mais universidades foram sendo adicionadas até chegarmos aos 800 milhões  (julho de 2012) de hoje, a maior rede social do mundo.

A rede social Facebook é lançada, impactando a forma como nos usuários se comunicam e trocam imagens. Em 9 de abril de 2012, Mark Zuckerberg anuncia em seu perfil a aquisição do aplicativo Instagram pelo valor de aproximadamente 1 bilhão de dólares. Em 4 de outubro de 2012, o Facebook atingiu a marca de 1 bilhão de usuários ativos. No dia 19 de fevereiro de 2014, a empresa anunciou que comprou o aplicativo WhatsApp por 16 bilhões de dólares. Em outubro de 2014, anunciou o número de 1,35 bilhão de usuários. Em 2010, foi lançado o filme "A Rede Social", dirigido por David Fincher, contando a história do Facebook (imagem abaixo).

2005: Imagens feitas com celular por vítimas dos atentados a bomba em 7 de julho em Londres correm o mundo nos jornais, na TV e na internet. A primeira explosão ocorreu no metrô, num trem que corria perto da estação de Liverpool Street; a segunda ocorreu entre as estações Russell Square e King's Cross; a terceira, em Edgeware Road; e por fim, a quarta ocorreu em um ônibus foi atingido no centro da cidade. As bombas nos metrôs estavam em mochilas, no chão dos vagões. Resultou em 50 mortos e 700 feridos.

2006: Lytro é uma empresa fundada em 2006 do ramo de fotografia. Em 2011, apresentou uma câmera que é capaz de mudar o foco após o clique. O aparelho tem massa de 200 gramas e formato de caixa retangular. 

Foi desenvolvida por Dr. Ren Ng. A máquina não necessita de flash, possui apenas dois botões e possibilita capturar 11 milhões de raios de luz. 
É composto por três partes: a primeira tem um um arranjo complexo de lentes capta toda a luz recebida, preservando o máximo de dados ópticos possíveis; na segunda tem um sensor equipado com um conjunto de microlentes registra a cor, a luz e a direção de cerca de 11 milhões de raios de luz; e a terceira tem um processador converte a informação a partir do sensor para um banco de dados que pode ser analisado para extrair imagens.

Assim, na foto, é possível qual dos planos ficara mais nítido, não somente no display da câmera mas em todos arquivos que ela disponibilizar. É chamada de câmera de campo luminoso e pega todos os raios de luz de uma cena. Nesse tipo de câmera existe um array de micro lentes no plano focal para decompor a luz da cena e cada lente cobre um grupo de pixels.



2007: Lançamento dos porta-retratos digitais KODAK EASYSHARE, que proporciona aos consumidores um nova forma de reproduzir apresentações de slides de fotos e vídeos, inclusive com música.
 

2007: Andreas Gursky nasceu em Leipzig, Alemanha, em 1955, tendo estudado Artes na Escola Superior de Comunicação Visual, em Essen, (conhecida como "a escola da Pina Bausch"), e na Academia de Artes de Düsseldorf. Ali foi aluno de Bernd e Hilla Becher, cuja obra revolucionou a fotografia na Alemanha. A proximidade dos Becher foi o impulso inicial na carreira de Gursky.
Os primeiros trabalhos do artista ainda mantinham um formato mais reduzido, e sua temática girava em torno da relação do homem com o meio ambiente. Em 1988, surgiram as primeiras reproduções em grande formato que o tornaram internacionalmente conhecido. Produz fotos com câmeras de grande formato, consideradas caras e transformadas em ícones no mercado de artes, com cerca de até sete metros quadrados.
Esquerda: Sé, São Paulo, 2002.
Direita: Edifìcio Copan, 2002.

Andreas Gursky (1995) vende Díptico 99 cents II (2001) por 3,34 milhões de dólares em 2007. Quando ele fotografa uma loja onde tudo é vendido a 99 centavos, sua encenação mantém, apesar de tudo, a serenidade e o bom humor, crítica ao capitalismo e a vida cotidiana.  A primeira fotografia a ser vendida por mais de 3 milhões de dólares. A obra mede mais de 3 metros de largura que mostra o interior do supermercado (abaixo).

Los Angeles, por Andreas Gursky foi vendida por US$ 2,9 milhões em um leilão da Sotheby’s, em fevereiro de 2008. Imagem panorâmica e noturna da cidade dos anjos que mede mais de 3 metros de largura (abaixo).

Rhein II (1999) por Andreas Gursky foi vendida pela na Christie’s, Nova York, por US$ 4,3 milhões. A foto mostra o Rio Reno na Alemanha, o trabalho integra uma série de seis fotografias (mede 3,5 m x 2 m). Foi arrematada em um leilão no dia 8 de novembro de 2011. Gursky tem várias imagens entre as mais caras do mundo, utiliza os princípios da escola de Dusseldorf para construir retratos do capitalismo (abaixo). Consumismo e mercado financeiro ganharam ares épicos em suas imagens simétricas, belas e imponentes.

Chicago Board Of Trade III (1999-2000) foi vendida por US$ 3,3 milhões, no leilão em 26 de julho de 2013. A fotografia, que lança um olhar ao caos do mercado financeiro, faz parte de uma série com outras cinco imagens (abaixo).

Dica de Filme:


Sinopse: Em uma noite de outono em 2003, Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), analista de sistemas graduado em Harvard, se senta em seu computador e começa a trabalhar em uma nova ideia. Apenas seis anos e 500 milhões de amigos mais tarde, Zuckerberg se torna o mais jovem bilionário da história com o sucesso da rede social Facebook. O sucesso, no entanto, o leva a complicações em sua vida social e profissional.
Direção: David Fincher, 2010.

Referências:

HACKING, Juliet (editora geral). Tudo sobre fotografia. Tradução de Fabiano Morais, Fernanda Abreu e Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. Título original: Photography: the whole story.

terça-feira, 21 de abril de 2015

A Fotografia no Século XXI - Parte 2

2001: Robert Polidori nasceu em Montreal, Canadá, em 1951, Polidori vive e trabalha em Nova York. Nos anos 1970, trabalhou como assistente de Jonas Mekas no Anthology Film Archives, em Nova York, e realizou diversos filmes experimentais. Em 1979, concluiu mestrado na State University of New York, em Buffalo, passando a se dedicar integralmente à fotografia stillEntre 1998 e 2007, trabalhou como fotógrafo da revista The New Yorker, colaborando regularmente também para publicações como GeoArchitectural Digest GermanyNest MagazineNewsweek e Vanity Fair.

Robert Polidori (1951) visita a Ucrânia para documentar as consequências do desastre nuclear de Chernobyl dentro das zonas de exclusão (abaixo).



Em 2005, Robert Polidori fotografa Nova Orleans após o furacão Katrina. Suas imagens das casas destruídas são um testemunho do caos provocado pelo furacão (abaixo).


“Em imagens de grandes dimensões, Robert Polidori nos mostra como o mundo devastado pode ser belo, sem, no entanto, deixar de causar um profundo mal-estar. Sua visão crítica da sociedade atual dificulta julgamentos históricos baseados em ideologias políticas, pois, em seu trabalho, diferentes tragédias ganham feições semelhantes: as ruínas de Beirute se parecem com as de Havana, as de Chernobyl com as de Nova Orleans”.
Heloisa Espada

Nova Orleans.

Polidori conta que seu trabalho ganhou força na década de 1980, quando optou pelo uso de câmeras de grande formato, com filmes de até 20 x 25 cm, capazes de captar uma grande quantidade de informações visuais. Com esse recurso, aliado ao emprego da perspectiva renascentista e ao uso cuidadoso da luz natural, é capaz de gravar uma impressionante riqueza de detalhes. Ao afirmar o vínculo da fotografia com as aparências do mundo, sua obra caminha numa direção oposta às vertentes contemporâneas, que investem na distorção de formas, na encenação ou na criação de imagens artificiais a partir de tecnologias digitais”.
Heloisa Espada
Anthony Avenue, New Orleans, September" (2005).

2002: O irlandês Paul Seawright (1965) retratou os destroços da guerra em um vale afegão. Como parte de suas séries de comissões para documentação de conflitos, o Museu Imperial de Guerra de Londres contratou Seawright para ir ao Afeganistão em 2002. Sua foto Vale (2002) é comparada a Vale da sombra da morte (1855) de Roger Fenton, da Guerra da Crimeia (abaixo). Suas fotografias de campos de minas e locais de batalha foram exibidos internacionalmente e estão em inúmeras coleções públicas.

2002: A GOPRO foi criada pelo norte americano Nick Woodman (abaixo). Ele viajava pela Austrália tentando capturar seus melhores momentos surfando, com câmeras descartáveis. Cansado dos resultados horríveis que as descartáveis proporcionavam, ele conseguiu convencer um amigo, chamado Neil Dana a entrar com o capital para o desenvolvimento de uma câmera, que tornasse possível o sonho de fotos e vídeos de esportes extremos em alta qualidade, pelo ponto de vista do atleta. Pode colocá-la em seu capacete, prancha, skate, moto, diversas partes do corpo, paredes e em diversos e inusitados lugares, com a finalidade de criar filmes de diversos pontos de vista.

A câmera que começou a popularizar a linha foi a Hero. Foi a primeira Full HD, 1080p, com vídeos em 60p. 

Lançada em outubro de 2011, a GoPro HD HERO 2 já foi uma grande evolução para o seu modelo anterior. Tinha 11 megapixels para fotos, melhorias na captura de imagens em baixa luz, além de gravações em 120 frames por segundo. 

Em setembro de 2014, a GoPro anunciou três novos modelos. Dois deles chamados da linha GoPro HERO 4, um Black e um Silver, e uma nova GoPro Hero, voltada para uma fatia de público ainda não atingida pela companhia até então: a de iniciantes.


2002: O artista e fotógrafo Michael Wolf nasceu em 1954, na Alemanha, mas vive e trabalha em Hong Kong e Paris. nComeçou sua carreira em 1994 como fotojornalista, passou oito anos trabalhando em Hong Kong para a revista alemã Stern. Ele ganhou o primeiro prêmio em Questões Contemporâneas em 2004, por suas fotografias para um artigo na Stern, China: fábrica do mundo. As fotografias representam trabalhadores em vários tipos de fábricas. Ganhou uma menção honrosa em 2011 pelo trabalho. O prêmio foi controverso porque algumas imagens eram apropriação do Google Street View.



2003: Paralelo aos conflitos no Afeganistão, o Iraque também foi invadido por suspeita de armas de destruição em massa. Como consequência a este fato, as imagens que ainda na questão da guerra vem chocar e polemizar o mundo do fotojornalismo foram feitas pelos soldados americanos na Prisão Abud Graib (no Iraque) de prisioneiros iraquianos torturados em função de retaliações das fotos feitas através de prisões e investigações. Estas imagens vão para a Internet, que leva a discussão sobre o fotojornalismo de conflitos neste início de século
Imagem de Geert van Kesteren. Refugiados iraquianos, Turquia, de Bagdá chamando, 2007.

Mais uma vez o iraquiano Saddam Hussein se vê diante de um presidente norte-americano em oposição, o que agora se dá com George W. Bush (filho). Além da suspeita das armas havia uma suposta ligação de Hussein com a Al-Qaeda, no entanto, mesmo com oito anos de combate tais armas não foram encontradas nem evidências dessa ligação. Para este conflito houve uma mudança na cobertura de guerra com o uso de telefones celulares, que possibilitava que os fotojornalistas enviassem notícias das áreas mais afetadas com grande rapidez.
Um soldado norte-americano Lynndie England tortura um prisioneiro iraquiano na penitenciária de Abu Ghraib.

O termo “jornalismo incorporado” passa a ser usado à medida que repórteres e fotógrafos concordam em não revelar informações comprometedoras durante a invasão americana do Iraque. Foram  775 repórteres e fotógrafos que viajaram como jornalistas embarcados.  Esses repórteres assinaram contratos com os militares prometendo não relatar informações que poderiam comprometer a posição da unidade, como as futuras missões e armas.

2004: A capa de 8 de maio de 2004 da revista The Economist mostra a imagem de um detento iraquiano sendo torturado na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, com a legenda: “Rumsfeld renuncie” (abaixo). A imagem é conhecida como o “Encapuzado”, mostra uma pessoa de braços abertos e com as mãos presas a fio elétricos numa pose carregada de simbolismo (depois identificado como um professor islâmico chamado Ali Shalal que foi preso enquanto ia a uma mesquita para orar). Fotos de prisioneiros iraquianos torturados e seviciados sexualmente por soldados americanos na prisão de Abu Ghraib surgem na Internet. O pesquisador Joan Fontcuberta (2012, p. 15) acrescenta que “o horror de Abu Ghraib nunca teria aflorado à opinião pública com a fotografia analógica; ao contrário, a tecnologia digital torna impossível evitar a disseminação da informação”.

“É visível que sua composição foi encenada diversas vezes pelos captores. Sendo assim, é compreensível que foi precisamente o poder estético (apesar de a frase soar estranha) que fixou essas imagens na consciência pública de forma irrevogável” (WILLCOCK, 2014).

2004: O fotojornalista iraquiano independente Ghaith Abdul-Ahad fez a imagem Bagdá, 4 de abril de 2004 (abaixo) quando retratava a ocupação do Iraque em 2003, buscando a reação dos civis iraquianos, mostra um rapaz comemorando a destruição de um veículo militar americano, após ter ateado fogo. Essas fotos que mostram um lado pouco conhecido da guerra, como a resistência iraquiana, foram divulgadas em meios de comunicação e livros. Em 2005, lançou o livro Não incorporado: quatro fotojornalistas independentes registram a Guerra do Iraque.

Nasceu em 1975 no Iraque. Foi criado em Bagdá e quando jovem viveu na clandestinidade par anão ter que servir no Exército de Saddam Hussein. Em 2001, começou a tirar fotos das ruas de Bagdá. Após a invasão do Iraque em 2003 documentou o conflito se tornando correspondente do jornal inglês The Guardian. Cobriu várias zonas de conflito no mundo muçulmano, como Somália, Iraque, Sudão e Afeganistão.

Em 2 de março de 2011, foi preso enquanto cobria os problemas na Líbia. A Anistia Internacional pediu sua soltura e o governo líbio o liberou após 15 dias. Hoje está cobrindo a Guerra na Síria, em especial sobre os refugiados.
Esquerda: Bagdá; 01 de agosto de 2004: Um homem ferido recebe tratamento em Kindi após carros-bomba explodiu em frente a pelo menos seis igrejas cristãs em um ataque coordenado programado para coincidir com as orações da noite.
Direita: Najaf; 23 agosto de 2004: Um homem anda perto de um carro que está queimando na periferia da cidade velha.


Dica de Filme:

Sinopse: Rebecca (Juliette Binoche) é uma das melhores fotógrafas de guerra em atividade e precisa enfrentar um turbilhão de emoções quando seu marido (Nikolaj Coster-Waldau) lhe dá um ultimato. Ele e a filha do casal não suportam mais sua rotina arriscada e exigem mudanças, mas ela, apesar de amar a família, tem verdadeira adoração pela profissão.
Direção: Erik Poppe, 2014.

Referências:

ESPADA, Heloisa. Robert Polidori: Fotografias. Disponível em: http://www.ims.com.br/ims/visite/exposicoes/robert-polidori-fotografias/exposicao Acesso em: 20 mar. 2015.

FONTCUBERTA, Joan. A câmera de Pandora: a fotografi@ depois da fotografia. Tradução de Maria Alzira Brum. São Paulo: G. Gilli, 2012.

HACKING, Juliet (editora geral). Tudo sobre fotografia. Tradução de Fabiano Morais, Fernanda Abreu e Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. Título original: Photography: the whole story.

TOREZANI, Julianna Nascimento. A fotografia de conflitos: da Primeira Guerra Mundial ao Ataque ao World Trade Center. In: Anais do XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Foz do Iguaçu, PR: Intercom, 2014. Disponível em: http://www.portcom.intercom.org.br/navegacaoDetalhe.php?id=56193

WILLCOCK, Sean. Os que as imagens de Abu Ghraib realmente nos dizem sobre a guerra. Disponível: <http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/05/o-que-imagens-de-abu-ghraib-realmente-nos-dizem-sobre-guerra/>. Acesso em: 23 ago. 2014.