segunda-feira, 20 de abril de 2015

A Fotografia no Século XXI - Parte 1

2001: Gregory Crewdson faz a construção de cenários em tamanho real para série Lusco-fusco (1998-2002). A série remete ao cinema e ao teatro. Sem título (Ofélia) faz alusão ao trágico destino da personagem Ofélia, da peça Hamlet (c.1599-1601), de William Shakespeare: de luto pela morte do pai, ela é encontrada afogada após ser desprezada por seu amado príncipe.

Crewdson nasceu em 1962 no Broklyn, em Nova York. Estudou na Universidade do Estado de Nova York em Purchase e em 1988 concluiu o mestrado em fotografia na Universidade Yale. Em 1991, participou de “Prazeres e horrores do conforto doméstico”, no Museu de Arte Moderna de Nova York.
Esquerda: “House of Fire”, da série “Beneath the Roses” (Sob as Rosas), 2004.
Direita: Fotografia da série “Beneath the Roses” (Sob as Rosas).

Em 1992, realizou uma mostra individual no Houston Center for Photography no Texas, e no ano seguinte foi nomeado professor em Yale. Ganhou a Medalha de Fotografia SkowheganApós sua primeira retrospectiva na Europa, Hatje Cantz publicou um importante catálogo de sua obra Gregory Crewdson, 1985-2005.
Esquerda: Fotografia feita em 2007 faz parte da série “Beneath the Roses” (Sob as Rosas).
Direita: Untitled photo, série Sob as rosas (2003–2005).

O fotógrafo trabalha com uma equipe de 40 pessoas, entre operadores de câmera e luz, designers, editor de montagem, gerente de locação, atores e diretores de elenco e fotografia – para captar cenas que vão desde uma casa pegando fogo de verdade até o interior de uma sala completamente inundada (Ofélia, de 2001, a primeira imagem abaixo).

Em 2005, sua mostra “Sob as rosas” começou a percorrer galerias de Nova York, Londres, Atenas e Paris. Criada entre 2003 e 2008, a série retoma aspectos que caracterizaram as produções pictóricas e cinematográficas de Edward Hopper e Alfred Hitchcock. Hopper, principal representante do movimento realista americano, destacou-se no começo do século XX por abordar a solidão e a melancolia a partir de cenários da vida urbana e privada. Pinturas como Notívagos (1942), Noite de Verão (1947) e Automat (1927) traduzem um pouco da atmosfera alienante e perturbadora que Crewdson busca reproduzir em suas fotografias. Já a relação com o cinema de Hitchcock aparece no estilo visual na psicologia do film noir, com sombras dramáticas, ângulos incomuns e personagens arquétipos, envoltos numa atmosfera de tensão e/ou desejo.
Esquerda: Untitled (Sunday Roast), 2005.
Direita: Untitled (Birth), 2007.

2001: Em 11 de setembro de 2001, as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, foram atingidas por aviões que tinham sido sequestrados e foram ao chão, matando inúmeras pessoas que estavam nos aviões, nos prédios e, até mesmo, os bombeiros que tentavam fazer o resgate das vítimas. Este atentado chocou o mundo e marcou uma nova era na política internacional, foi um ato feito e reconhecido por integrantes da organização terrorista afegã Al-Qaeda, liderada por Osama Bin Laden. Ainda em 2001, como reação a este fato, as Forças Armadas dos Estados Unidos intervêm no Afeganistão para acabar com a Al-Qaeda, no período chamado de "guerra ao terror".
Fotos mostram o avião da United Airlines antes e durante o impacto na segunda torre do World Trade Center. 11/09/2001. Foto: Sean Adair/Reuters.

Esse acontecimento foi fortemente coberto pelos meios de comunicação e veiculado pelas emissoras de televisão de vários países do mundo, inclusive via Internet, mostrando imagens desesperadoras, como a feita por Richard Drew, a fotografia de um “homem caindo” de uma das torres, provocou indignação pública e foi censurada pelos principais veículos, os registros mostraram que dezenas de pessoas em pânico se atiraram das torres para fugir do calor e do fogo. 
 
Esquerda: Momento do choque do voo 175 da United Airlines contra a Torre Sul. 11/09/2001. Foto: Steve Ludlum/The New York Times.
Direita: Um homem mergulha para a morte. Dezenas de pessoas se atiraram do alto do WTC para fugir do calor no interior das torres. 11/09/2001. Foto: Richard Drew/AP.

“As imagens do atentado também despertaram comoção, entre telespectadores e profissionais de TV e, na mesma medida, eram portadoras de conteúdo noticioso capaz de mobilizar audiências em todo o mundo”.
Iluska Coutinho e Jorge Felz (2002, p. 2)
Atmosfera sombria: bombeiros caminham em meio aos destroços do World Trade Center logo após o desabamento. 11/09/2001. Foto: Peter Morgan/Reuters.

“As pessoas compraram os jornais de 12 de Setembro não só para ler as análises e as notícias mas também para rever as imagens e guardá-las religiosamente (os jornais desta vez não foram deitados no lixo)” (SOUSA, 2004a, p. 28).
Em visita a uma escola, George W. Bush recebe a notícia sobre o ataque às Torres Gêmeas. 11/09/2001. Foto: Doug Mills/AP.

Como retaliação ao atentado, os conflitos no Afeganistão iniciaram em 7 de outubro de 2001 pelas forças lideradas pelos Estados Unidos através de bombardeios. Durante os dez anos de conflito em perseguição a Osama Bin Laden, que só ocorreu em 2011, morreram mais de 13 mil pessoas entre civis e militares e bilhões de dólares foram gastos nessa busca. 

Imagens de Steve McCurry



Imagens de James Nachtwey


Instantâneo do fotógrafo alemão Thomas Hoepker, ex-presidente da Agência Magnum (de 2003 a 2006). A mais polêmica foto da tragédia do 11 de setembro de 2001, quando terroristas colocaram abaixo as torres gêmeas, em Nova York, não mostra o choque dos aviões contra os prédios do World Trade Center nem as vítimas do atentado.


Registra uma cena idílica de verão. Nela, cinco jovens conversam tranqüilamente em algum lugar de Williamsburg, no cais do Brooklyn, em meio a ciprestes e flores, enquanto uma nuvem negra de fumaça cobre os prédios de Manhattan. Quando publicada nos Estados Unidos, ele foi acusado de banalização do terror. Hoepker defendeu-se, dizendo que não pretendia, de modo algum, ser desrespeitoso com a memória dos mortos na tragédia. 

A imagem foi registrada por acaso. Retido em seu carro no Brooklyn, sem poder atravessar a ponte, ele viu um grupo de jovens conversando no cais de Williambsurg e tirou três fotos. “Não pensei em nada naquele momento, nem mesmo em fazer uma crítica à alienação dos garotos, como denunciaram posteriormente dois deles”, admite o fotógrafo. “De qualquer modo, acho que é da natureza humana se habituar com o horror”, diz o fotógrafo, um dos últimos da escola humanista de Cartier-Bresson e Elliott Erwitt, suas duas maiores referências.

Hoepker nasceu em 1936, em Munique, na Alemanha. Membro da Agência Magnum. De 1960 a 1963, trabalhou como fotógrafo para Münchner Illustrierte e Kristall. Em 1964, começou a trabalhar como fotojornalista para a revista Stern. Na década de 1970, também trabalhou como cinegrafista para uma emissora de televisão alemã, fazendo documentários. Já utilizou câmeras Leica, Nikon e Canon. Em 2002, começou a usar equipamentos digitais. Hoepker vive em Nova York, onde produz documentários de TV.
Esquerda: EUA. Chicago, Illinois. 1966. Muhammad Ali em uma ponte com vista para o Rio Chicago.
Direita: EUA. Miami, Florida. 1970. Muhammad Ali.

Dica de Filme:

Sinopse: O diretor Michael Moore investiga como os Estados Unidos se tornaram alvo de terroristas, a partir dos eventos ocorridos no atentado de 11 de setembro de 2001. Os paralelos entre as duas gerações da família Bush que já comandaram o país e ainda as relações entre o atual Presidente americano, George W. Bush, e Osama Bin Laden.
Direção: Michael Moore, 2004.

11 filmes que mostram histórias do atentado em 11 de setembro - http://divirta-se.uai.com.br/app/noticia/cinema/2014/09/11/noticia_cinema,159217/11-09-confira-11-filmes-sobre-o-atentado-de-11-de-setembro-de-2011.shtml


Referências:

COUTINHO, Iluska; FELZ, Jorge. Imagens do atentado de 11 de setembro: notícia e comoção. In: Anais do XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Salvador: Intercom, 2002. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2002/>. Acesso em: 22 ago. 2014.

HACKING, Juliet (editora geral). Tudo sobre fotografia. Tradução de Fabiano Morais, Fernanda Abreu e Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. Título original: Photography: the whole story.

SOUSA, Jorge Pedro. Fotojornalismo: Introdução à história, às técnicas e à linguagem da fotografia na imprensa. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004a.

TOREZANI, Julianna Nascimento. A fotografia de conflitos: da Primeira Guerra Mundial ao Ataque ao World Trade Center. In: Anais do XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Foz do Iguaçu, PR: Intercom, 2014. Disponível em: http://www.portcom.intercom.org.br/navegacaoDetalhe.php?id=56193

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