quarta-feira, 1 de abril de 2015

A Fotografia nos Anos 1960 - Parte 1

1955-1975: “A Guerra do Vietnã (1955-1975) foi um conflito armado em que estavam opostos a República Democrática do Vietnã (Vietnã do Norte) e a República do Vietnã (Vietnã do Sul), tendo como aliada os Estados Unidos, tendo como causa divergências políticas e ideológicas. Com o fim na guerra, os Estados Unidos se retiraram do país e houve a reunificação do território gerando a República Socialista do Vietnã, sob o regime comunista, aliado da União Soviética” (TOREZANI, 2014, p. 9).


Esquerda: Fotógrafo Larry Burrows, Vietnã – 1968.
Direita: Fotógrafo Philip Jones Griffiths, 1971.

“O papel do fotojornalismo teve menos censura do que na Segunda Guerra e muitas imagens serviram como elementos de opinião contrária ao conflito, como as manifestações de pacifismo operadas pelos jovens nos Estados Unidos” (TOREZANI, 2014, p. 9).


Esquerda: Soldado vietnamita tenta ajudar companheiro atolado na lama, Vietnã – Larry Burrows, 1962.
Direita: Soldado vietnamita ameaça vietcong capturado, Vietnã – Larry Burrows, 1962.

Esquerda: Soldado vietnamita aguarda socorro médico para mulher ferida durante ataque vietcong, Vietnã – Larry Burrows, 1968.
Direita: Membro da tripulação de helicóptero americano morre durante missão, Vietnã – Larry Burrows, 1965.


Para Jorge Pedro Sousa (2004b, p. 154), “a Guerra do Vietname, de ‘livre acesso’, talvez a última ocasião de glória do fotojornalismo, faz nascer vocações. Neste período, nos Estados Unidos, os fotojornalistas ascendem de dez mil a vinte mil e a Europa assiste a um fenômeno semelhante”.

Imagens de Philip Jones Griffiths.

“A Guerra do Vietnã é, de fato, a primeira e a última a ter sido ampla e livremente fotografada e televisada, às vezes até em excesso. [...] Muitas vezes vestidos com os mesmos trajes de combate dos GI, os repórteres atacam com eles, sobem nos helicópteros, e transmitem seus filmes a partir do front por intermédio dos malotes do Exército. As máquinas fotográficas e as objetivas parecem ir ao ritmo dos bombardeios, dos lança-chamas e das metralhadoras. É a época da Nikon F, uma máquina japonesa 24 mm X 36 mm reflex, de concepção nova, com múltiplas objetivas e acessórios descartáveis, cujo material publicitário mostra a imagem do repórter em ação, muitas vezes na lama e na floresta tropical” (ROUILLÉ, 2009, p. 140).


Imagens de Don McCullin.

Paul McCartney, Ringo Star e George Harrison simulam a morte de John Lennon. Londres, 1968.

1960: Diane Arbus (1923-1971) iniciou a carreira como fotógrafa de moda, a partir dos anos 60 passou a fotografar deficientes, aleijados, travestis, população marginal. Pessoas em que não havia interesse em serem fotografadas por parte de muitos fotógrafos, problematizando os estereótipos da moda em contradição as pessoas que estavam fora desse modelo de beleza e estética a ser fotografado, publicado e visto por todos. Suas imagens revelam seu contato e aproximação com as pessoas, representa um olhar sem preconceitos, que busca o contexto e a situação vivida por estas.


“A escolha obsessiva dos seus modelos reflete uma problemática vital que a levou ao suicídio” (SOUGEZ, 2001, p. 267).

 
Esquerda: Criança com uma granada de brinquedo (1962).
Direita: Gêmeas idênticas, Roselle (1967).

Para Jorge Pedro Sousa (2004, p. 140), “paradoxalmente, na fotografia de Diane Arbus os ‘instalados’ são representados de forma algo ridícula, nem que seja por um trejeito no semblante, enquanto os deserdados do sistema, ‘a outra metade’, são-no numa perspectiva dignificadora”. 

 
Esquerda: Ator mexicano em seu quarto de hotel (1970).
Direita: Um jovem homem com bobes em casa na West 20th Street (1966).

Arbus ao dar espaço e visão a estas pessoas pouco retratadas em poses que interrogam o observador e que serve também para analisar a afirmação destas em vida, colocando-as ao olhar de outras pessoas para entender que fazem parte e estão inseridos na sociedade que tentava deixar de lado. 

 
Esquerda: Gigante judeu em sua casa seus pais no Bronx (1970).
Direita: Trigêmeas em seu quarto (1963).

1960: O filme A doce vida, de Federico Fellini, cria o termo paparazzo, usado para se referir a fotógrafos intrusivos. Em referência a Paparazzo, o fotógrafo que pilota uma Vespa no filme. O filme foi em parte inspirado por um famoso incidente envolvendo um dos paparazzi originais, Tazio Secchiaroli.


1960: O cubano Alberto Díaz Gutiérrez (1928-2001), conhecido como Alberto Korda fotografou Che Guevara durante um funeral coletivo de 75 pessoas (na explosão do navio-cargueiro francês La Coubre com munição da Bélgica, no porto de Havana). Deu ao esquerdista italiano Giangiacomo Feltrinelli duas cópias da foto que disseminou milhares de pôsteres da imagem. Foi considerada ícone radical, presente em camisetas e publicidades. Trata-se da fotografia mais reproduzida da história “Guerrilheiro heroico” (abaixo). Korda, durante nove anos, foi o fotógrafo oficial do líder Fidel Castro.


O cubano Alberto Korda cursou faculdade de Administração em Havana. Abriu um estúdio em 1956. A partir de 1953 começou a documentar a Revolução Cubana. Também fotografou moda e publicidade. De 1959 a 1968 foi o fotógrafo oficial de Fidel Castro e Che Guevara em suas viagens.

 

“Em 2000, foi a um tribunal superior de Londres para reivindicar o copyright de sua famosa fotografia de Che Guevara e evitar que ela fosse usada em um anúncio da vodca Smirnoff”. Ganhou 50 mil dólares neste processo e doou para crianças em Cuba.

 



1960: Astrid Kirchherr (1938) fotografa os Beatles antes da fama em um parque de diversões de Hamburgo, chamado "der Dom". 

 

Kirchherr nasceu em Hamburgo, Alemanha, em 1938. Filha de um executivo da representante alemã da Ford. Durante a Segunda Guerra Mundial, sua família fugiu para mar Báltico. Testemunhou as ruínas que ficou a cidade de Hamburgo quando retornaram. Depois da morte de seu pai, foi criada por sua mãe, Nielsa Kirchherr. Depois de se formar no colégio, matriculou-se numa Escola de Arte de Hamburgo. Mas demonstrou mesmo ter talento foi para a fotografia em preto & branco. 

 

 

1962: O astronauta John Glenn vai para o espaço com uma câmara fotográfica, uma Ansco Autoset câmera de 35mm. Glenn foi o primeiro astronauta norte-americano a entrar em órbita da Terra, a bordo da cápsula espacial Friendship 7, em 20 de fevereiro de 1962.

 

John Glenn aos 77 anos, quando foi pela segunda vez ao espaço, como tripulante do ônibus espacial Discovery.

1962: Andy Warhol, grande artista da pop art, incluiu a fotografia nas suas técnicas mistas a partir dos anos 60, cria a Marilyn Monroe e a série das Latas de Sopa Campbell (1965). A pop art tratava dos bens de consumo e da cultura popular, a vida cotidiana era a inspiração dos trabalhos dos artistas.

 

Andrew Warhola, mais conhecido como Andy Warhol, foi um importante artista plástico e cineasta norte-americano. Nasceu em 6 de agosto de 1928 na cidade de Pittsburgh (Estados Unidos) e faleceu na mesma cidade em 22 de fevereiro de 1987É um dos maiores representantes da pop art, além de ter ganhado grande destaque no cinema de vanguarda e na literatura. Em Nova York trabalhou como ilustrador de revistas de destaque (Vogue e The New Yorker). Em 1956, vários de seus desenhos foram expostos no MOMA (Museu de Arte Moderna) em Nova York.

 

Em 1965, tornou-se o financiador e gerente da banda de rock The Velvet UndergroundEm 1968, sofreu um atentado ao ser atingido por um tiro disparado por Valerie Solanis. Após uma complicada cirurgia, Warhol se recuperou e voltou a vida artística. Em 1969, começou a publicar sua própria revista (Interview). Em 1987, ele foi operado na vesícula biliar. A operação correu bem mas Andy Warhol morreu no dia seguinte. Sua frase mais conhecida: No futuro todos serão famosos durante quinze minutos”.


1963: A Kodak coloca no mercado a câmara Instamatic (de cartucho 126) e filmes a cores ainda mais rápidos.

 

1963: Malcolm Browne foi o autor da fotografia icônica da autoimolação de um monge vietnamita. Vencedor de um Pulitzer, em 1964, dedicou grande parte da sua vida a reportar conflitos. Também foi premiado com a  Foto do Ano pela World Press Photo


Browne foi correspondente da Associated Press em Saigão, Vietname, decidiu responder a uma mensagem de um pagode budista que pedia a alguns jornalistas internacionais para estarem num determinado local no dia 11 de junho onde algo “muito importante” iria acontecer.nO monge budista Thich Quang Duc, com 66 anos, apareceu num movimentado cruzamento de Saigão e, sentado calmamente, incendiou-se num protesto contra a falta de liberdade religiosa no Vietnã do Sul, no governo de Ngo Dinh Diem. Depois do funeral, o seu coração estava intacto. Duc tornou-se um mártir e Browne o autor da fotografia mais icônica desse período. Diversos monges Budistas seguiram o exemplo de Duc e se autoimolaramUma porção da mesma imagem foi usada como capa do primeiro CD da banda americana Rage Against the Machine.



1964: Robert Jackson (1934) ganha o Prêmio Pulitzer de Fotografia por sua foto de Lee Harvey Oswald sendo assassinado por Jack RubyJackson estava trabalhando como fotógrafo freelance para o jornal Times Herald em Dallas, no Texas, quando o Presidente Kennedy foi assassinado em 1963. Em 24 de novembro de 1963, estava esperando no presídio da cidade em uma tarefa de rotina para fotografar o assassino acusado, Oswald, quando este foi baleado por Ruby.

 

Dica de Filme:

Sinopse: Diane Arbus (Nicole Kidman) é considerada por muitos como sendo uma das melhores fotógrafas do século XX. Ao longo de sua carreira Diane voltou sua atenção para o bizarro, o inusitado e o diferente em suas fotos. Um de seus trabalhos foi com Lionel Sweeney (Robert Downey Jr.), que era portador de hipertricose, uma disfunção caracterizada pelo excesso de pêlos em todo o corpo.
Direção: Steven Shainberg, 2007.

Referências:
HACKING, Juliet (editora geral). Tudo sobre fotografia. Tradução de Fabiano Morais, Fernanda Abreu e Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. Título original: Photography: the whole story.

REVISTA FHOX. Dez. 1999/jan. 2000. Ano XI. N. 58. São Paulo: Fhox, 1999.

ROUILLÉ, André. A fotografia: entre documento e arte contemporânea. Tradução de Constancia Egrejas. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2009. Título original: La photographie.

SOUGEZ, Marie-Loup. História da Fotografia. Tradução de Lourenço Pereira. Lisboa: Dinalivro, 2001. Título original: Historia de la Fotografia.

TOREZANI, Julianna Nascimento. A fotografia de conflitos: da Primeira Guerra Mundial ao Ataque ao World Trade Center. In: Anais do XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Foz do Iguaçu, PR: Intercom, 2014. Disponível em: http://www.portcom.intercom.org.br/navegacaoDetalhe.php?id=56193


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