terça-feira, 21 de abril de 2015

A Fotografia no Século XXI - Parte 2

2001: Robert Polidori nasceu em Montreal, Canadá, em 1951, Polidori vive e trabalha em Nova York. Nos anos 1970, trabalhou como assistente de Jonas Mekas no Anthology Film Archives, em Nova York, e realizou diversos filmes experimentais. Em 1979, concluiu mestrado na State University of New York, em Buffalo, passando a se dedicar integralmente à fotografia stillEntre 1998 e 2007, trabalhou como fotógrafo da revista The New Yorker, colaborando regularmente também para publicações como GeoArchitectural Digest GermanyNest MagazineNewsweek e Vanity Fair.

Robert Polidori (1951) visita a Ucrânia para documentar as consequências do desastre nuclear de Chernobyl dentro das zonas de exclusão (abaixo).



Em 2005, Robert Polidori fotografa Nova Orleans após o furacão Katrina. Suas imagens das casas destruídas são um testemunho do caos provocado pelo furacão (abaixo).


“Em imagens de grandes dimensões, Robert Polidori nos mostra como o mundo devastado pode ser belo, sem, no entanto, deixar de causar um profundo mal-estar. Sua visão crítica da sociedade atual dificulta julgamentos históricos baseados em ideologias políticas, pois, em seu trabalho, diferentes tragédias ganham feições semelhantes: as ruínas de Beirute se parecem com as de Havana, as de Chernobyl com as de Nova Orleans”.
Heloisa Espada

Nova Orleans.

Polidori conta que seu trabalho ganhou força na década de 1980, quando optou pelo uso de câmeras de grande formato, com filmes de até 20 x 25 cm, capazes de captar uma grande quantidade de informações visuais. Com esse recurso, aliado ao emprego da perspectiva renascentista e ao uso cuidadoso da luz natural, é capaz de gravar uma impressionante riqueza de detalhes. Ao afirmar o vínculo da fotografia com as aparências do mundo, sua obra caminha numa direção oposta às vertentes contemporâneas, que investem na distorção de formas, na encenação ou na criação de imagens artificiais a partir de tecnologias digitais”.
Heloisa Espada
Anthony Avenue, New Orleans, September" (2005).

2002: O irlandês Paul Seawright (1965) retratou os destroços da guerra em um vale afegão. Como parte de suas séries de comissões para documentação de conflitos, o Museu Imperial de Guerra de Londres contratou Seawright para ir ao Afeganistão em 2002. Sua foto Vale (2002) é comparada a Vale da sombra da morte (1855) de Roger Fenton, da Guerra da Crimeia (abaixo). Suas fotografias de campos de minas e locais de batalha foram exibidos internacionalmente e estão em inúmeras coleções públicas.

2002: A GOPRO foi criada pelo norte americano Nick Woodman (abaixo). Ele viajava pela Austrália tentando capturar seus melhores momentos surfando, com câmeras descartáveis. Cansado dos resultados horríveis que as descartáveis proporcionavam, ele conseguiu convencer um amigo, chamado Neil Dana a entrar com o capital para o desenvolvimento de uma câmera, que tornasse possível o sonho de fotos e vídeos de esportes extremos em alta qualidade, pelo ponto de vista do atleta. Pode colocá-la em seu capacete, prancha, skate, moto, diversas partes do corpo, paredes e em diversos e inusitados lugares, com a finalidade de criar filmes de diversos pontos de vista.

A câmera que começou a popularizar a linha foi a Hero. Foi a primeira Full HD, 1080p, com vídeos em 60p. 

Lançada em outubro de 2011, a GoPro HD HERO 2 já foi uma grande evolução para o seu modelo anterior. Tinha 11 megapixels para fotos, melhorias na captura de imagens em baixa luz, além de gravações em 120 frames por segundo. 

Em setembro de 2014, a GoPro anunciou três novos modelos. Dois deles chamados da linha GoPro HERO 4, um Black e um Silver, e uma nova GoPro Hero, voltada para uma fatia de público ainda não atingida pela companhia até então: a de iniciantes.


2002: O artista e fotógrafo Michael Wolf nasceu em 1954, na Alemanha, mas vive e trabalha em Hong Kong e Paris. nComeçou sua carreira em 1994 como fotojornalista, passou oito anos trabalhando em Hong Kong para a revista alemã Stern. Ele ganhou o primeiro prêmio em Questões Contemporâneas em 2004, por suas fotografias para um artigo na Stern, China: fábrica do mundo. As fotografias representam trabalhadores em vários tipos de fábricas. Ganhou uma menção honrosa em 2011 pelo trabalho. O prêmio foi controverso porque algumas imagens eram apropriação do Google Street View.



2003: Paralelo aos conflitos no Afeganistão, o Iraque também foi invadido por suspeita de armas de destruição em massa. Como consequência a este fato, as imagens que ainda na questão da guerra vem chocar e polemizar o mundo do fotojornalismo foram feitas pelos soldados americanos na Prisão Abud Graib (no Iraque) de prisioneiros iraquianos torturados em função de retaliações das fotos feitas através de prisões e investigações. Estas imagens vão para a Internet, que leva a discussão sobre o fotojornalismo de conflitos neste início de século
Imagem de Geert van Kesteren. Refugiados iraquianos, Turquia, de Bagdá chamando, 2007.

Mais uma vez o iraquiano Saddam Hussein se vê diante de um presidente norte-americano em oposição, o que agora se dá com George W. Bush (filho). Além da suspeita das armas havia uma suposta ligação de Hussein com a Al-Qaeda, no entanto, mesmo com oito anos de combate tais armas não foram encontradas nem evidências dessa ligação. Para este conflito houve uma mudança na cobertura de guerra com o uso de telefones celulares, que possibilitava que os fotojornalistas enviassem notícias das áreas mais afetadas com grande rapidez.
Um soldado norte-americano Lynndie England tortura um prisioneiro iraquiano na penitenciária de Abu Ghraib.

O termo “jornalismo incorporado” passa a ser usado à medida que repórteres e fotógrafos concordam em não revelar informações comprometedoras durante a invasão americana do Iraque. Foram  775 repórteres e fotógrafos que viajaram como jornalistas embarcados.  Esses repórteres assinaram contratos com os militares prometendo não relatar informações que poderiam comprometer a posição da unidade, como as futuras missões e armas.

2004: A capa de 8 de maio de 2004 da revista The Economist mostra a imagem de um detento iraquiano sendo torturado na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, com a legenda: “Rumsfeld renuncie” (abaixo). A imagem é conhecida como o “Encapuzado”, mostra uma pessoa de braços abertos e com as mãos presas a fio elétricos numa pose carregada de simbolismo (depois identificado como um professor islâmico chamado Ali Shalal que foi preso enquanto ia a uma mesquita para orar). Fotos de prisioneiros iraquianos torturados e seviciados sexualmente por soldados americanos na prisão de Abu Ghraib surgem na Internet. O pesquisador Joan Fontcuberta (2012, p. 15) acrescenta que “o horror de Abu Ghraib nunca teria aflorado à opinião pública com a fotografia analógica; ao contrário, a tecnologia digital torna impossível evitar a disseminação da informação”.

“É visível que sua composição foi encenada diversas vezes pelos captores. Sendo assim, é compreensível que foi precisamente o poder estético (apesar de a frase soar estranha) que fixou essas imagens na consciência pública de forma irrevogável” (WILLCOCK, 2014).

2004: O fotojornalista iraquiano independente Ghaith Abdul-Ahad fez a imagem Bagdá, 4 de abril de 2004 (abaixo) quando retratava a ocupação do Iraque em 2003, buscando a reação dos civis iraquianos, mostra um rapaz comemorando a destruição de um veículo militar americano, após ter ateado fogo. Essas fotos que mostram um lado pouco conhecido da guerra, como a resistência iraquiana, foram divulgadas em meios de comunicação e livros. Em 2005, lançou o livro Não incorporado: quatro fotojornalistas independentes registram a Guerra do Iraque.

Nasceu em 1975 no Iraque. Foi criado em Bagdá e quando jovem viveu na clandestinidade par anão ter que servir no Exército de Saddam Hussein. Em 2001, começou a tirar fotos das ruas de Bagdá. Após a invasão do Iraque em 2003 documentou o conflito se tornando correspondente do jornal inglês The Guardian. Cobriu várias zonas de conflito no mundo muçulmano, como Somália, Iraque, Sudão e Afeganistão.

Em 2 de março de 2011, foi preso enquanto cobria os problemas na Líbia. A Anistia Internacional pediu sua soltura e o governo líbio o liberou após 15 dias. Hoje está cobrindo a Guerra na Síria, em especial sobre os refugiados.
Esquerda: Bagdá; 01 de agosto de 2004: Um homem ferido recebe tratamento em Kindi após carros-bomba explodiu em frente a pelo menos seis igrejas cristãs em um ataque coordenado programado para coincidir com as orações da noite.
Direita: Najaf; 23 agosto de 2004: Um homem anda perto de um carro que está queimando na periferia da cidade velha.


Dica de Filme:

Sinopse: Rebecca (Juliette Binoche) é uma das melhores fotógrafas de guerra em atividade e precisa enfrentar um turbilhão de emoções quando seu marido (Nikolaj Coster-Waldau) lhe dá um ultimato. Ele e a filha do casal não suportam mais sua rotina arriscada e exigem mudanças, mas ela, apesar de amar a família, tem verdadeira adoração pela profissão.
Direção: Erik Poppe, 2014.

Referências:

ESPADA, Heloisa. Robert Polidori: Fotografias. Disponível em: http://www.ims.com.br/ims/visite/exposicoes/robert-polidori-fotografias/exposicao Acesso em: 20 mar. 2015.

FONTCUBERTA, Joan. A câmera de Pandora: a fotografi@ depois da fotografia. Tradução de Maria Alzira Brum. São Paulo: G. Gilli, 2012.

HACKING, Juliet (editora geral). Tudo sobre fotografia. Tradução de Fabiano Morais, Fernanda Abreu e Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. Título original: Photography: the whole story.

TOREZANI, Julianna Nascimento. A fotografia de conflitos: da Primeira Guerra Mundial ao Ataque ao World Trade Center. In: Anais do XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Foz do Iguaçu, PR: Intercom, 2014. Disponível em: http://www.portcom.intercom.org.br/navegacaoDetalhe.php?id=56193

WILLCOCK, Sean. Os que as imagens de Abu Ghraib realmente nos dizem sobre a guerra. Disponível: <http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/05/o-que-imagens-de-abu-ghraib-realmente-nos-dizem-sobre-guerra/>. Acesso em: 23 ago. 2014.

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