segunda-feira, 18 de maio de 2015

História da Fotografia no Brasil - Século XIX - De 1860 a 1867

1860: O fotógrafo alemão Revert Henrique Klumb (183?-1886) compareceu à Exposição Geral de Belas-Artes na condição de “fotógrafo da Academia Imperial de Belas-Artes”. Klumb chegou ao Brasil em 1852. Professor de Fotografia da Princesa Isabel, Klumb se tornou o fotógrafo oficial da família imperial brasileira. Em 1865, instalou-se em Petrópolis, onde amadureceu as experiências técnicas que lhe permitiram colocar "efeitos especiais" nas fotos. Entre 1855 e 1862, Klumb realizou diversas vistas estereoscópicas da capital imperial e foi, provavelmente, o introdutor desse processo no país. Em 1860, foi condecorado com uma menção honrosa na 14ª Exposição Geral de Belas Artes da Academia Imperial de Belas Artes. Klumb documentou, em 1861, a inauguração da primeira estrada de rodagem brasileira, a União-Indústria, ligando Petrópolis, no Rio de Janeiro, à cidade mineira de Juiz de Fora, e recebeu o título de Fotógrafo da Casa Imperial. Publicou, em 1872, Doze Horas em Diligência: Guia do Viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, um dos primeiros livros de fotografia editados no Brasil, com textos e fotos de sua autoria, um “guia rodoviário” do país, ilustrado com fotografias. Em 1874, apresenta fotografias noturnas em Petrópolis (Rio de Janeiro).
Revert Henrique Klumb, c.1861.

Retrato da Imperatriz Teresa Cristina, 1866, albúmen. 
Coleção Dom João de Orleans e Bragança.

Vista Geral de Juiz de Fora, 1870, albúmen. Museu Histórico Nacional (RJ).

Fachada Palácio Imperial em 1860, residência de verão de Dom Pedro II.

Palácio Imperial de Petrópolis, casa do seminário, cachoeira e casa de banho da imperatriz feito onde passa atualmente a Rua Pedro I, 1865.

Isabel, Princesa Imperial do Brasil (ao centro), em torno de 14 anos, ao lado de amigos, ca. 1860.

Convento dos Barbadinhos e Igreja de São Sebastião, a primeira igreja construída pelos portugueses no Morro do Castelo em 1583, Rio de Janeiro, c1855. 
Papel albuminado sobre cartão.

A cidade. Largo do Paço, cais Pharoux, fonte e ilha das Cobras, vista tomada do Observatório do Morro do Castelo.  Rio de Janeiro, c. 1860. Papel albuminado sobre cartão.

Dica: A Estereoscopia no Brasil 1839/1939. Fonte: http://www.novacon.com.br/sistereo.htm

1860: O alemão Heinrich Fleiuss  (1823-1882),  pintor de aquarelas, desenhista e caricaturista, lança a revista Semana Illustrada, que durou 16 anos. Em 1865, o periódico publicaria imagens de cobertura da Guerra do Paraguai. As fotos tiradas pelos militares eram reproduzidas em litografia.
Imagem de Heinrich Fleiuss, D. Pedro, o primeiro dos heróis, A Semana Ilustrada, 1865.

O Conde de Porto Alegre, c.1866.

1861: O fotógrafo italiano Luís Terragno (1831-1891) inicia suas experiências com a mandioca para obtenção de um ácido a ser empregado na revelação da fotografia. Foi um dos mais importantes fotógrafos oitocentistas da província do Rio Grande do Sul. Terragno destacou-se também como pesquisador de produtos e processos fotográficos, sobretudo daqueles derivados da mandioca, como o produto químico que divulgou na 2ª Exposição Nacional, em 1866, com a denominação de sulfo-mandiocate de ferro. 
Luis Terragno em auto-retrato por volta de 1870. 

 S. M. o Imperador em Porto Alegre – de volta de Uruguaiana, por Luiz Terragno.

Chegada de Dom Pedro no Largo do antigo Mercado Público, em Porto Alegre, em 1865. Foto: Luiz Terragno, Rio Grande do Sul (1865).

“Vista da Praça da Matriz, com o antigo Palácio do Governo no alto”, 
Rio Grande do Sul (1865).

Fotografias tomadas no estúdio de Luiz Terragno em Porto Alegre no retorno de D. Pedro II do front da Guerra do Paraguai. A esquerda: D. Pedro II. No centro: Conde D'Eu (na ocasião com 23 anos de idade), marido da Princesa Isabel. A direita: Duque de Saxe, marido da Princesa Leopoldina. 

1861: O Imperial Instituto Artístico, de Fleiuss Irmãos & Linde, produz o álbum de litogravuras (obtidas a partir de fotografias) e intitulado Recordações da Exposição Nacional.

1862: Militão Augusto de Azevedo (1837-1905) fotografa São Paulo. Foi um dos retratistas da fotografia brasileira oitocentista mais produtivos, tendo realizado comprovadamente mais de 12.500 retratos ao longo de seus 25 anos de carreira. Após 25 anos registrará as mudanças ocorridas na cidade de São Paulo sob os mesmos ângulos registrados em 1862, documenta as transformações urbanas em seu Álbum comparativo da cidade de São Paulo 1862-1887. Azevedo (abaixo) efetua importante documentação sobre a cidade portuária de Santos na década de 1870. Em 1996, o Museu Paulista adquire os álbuns de registro de clientes da Photographia Americana, em poder dos descendentes de Azevedo. 

Retrato de estudantes em 1879.

Largo da Sé, São Paulo, 1860.

Rua da Constituição, São Paulo, 1860, (atual Florêncio de Abreu).

Igreja e Convento do Colégio (atual Pátio do Colégio), em 1862.

D. Pedro II, ca. 1870, albúmen. Acervo do Museu Paulista (São Paulo).

1865: O alemão Albert Frisch (1840-1905) foi pioneiro na documentação dos índios brasileiros. Suas fotos foram comercializadas pelo Atelier Fotográfico de George Leuzinger e premiadas em exposições no Rio de Janeiro e Paris. Tratava-se de fotomontagem da vista da floresta com o retrato de um nativo fotografado em estúdio – abordagem comum naquele tempo. Frisch percorre a Alto Amazônia fotografando os índios, a floresta e o Rio Negro, em 1865, quando lá esteve em companhia do engenheiro, fotógrafo e desenhista Franz Keller-Leuzinger. Fotografando ainda pela primeira vez os índios brasileiros e os barqueiros de origem boliviana que atuavam como comerciantes itinerantes nos rios da região. Frisch retratou os Umauás com suas armas e paramentos típicos; registrou aspectos das malocas originais, dos ranchos de pesca ao pirarucu e das habitações híbridas dos Tapuias (índios destribalizados sediados nas cercanias de Manaus). Essa documentação obteve menção honrosa na Exposição Universal de Paris (França) em 1867.
Autorretrato de Frisch no Tarumã, afluente do Rio Negro, Amazonas, 1865.

Rio Negro, Manaus, Amazonas, 1865.

Japurá, Amazonas, 1867.

Índios com Zarabatana, Província do Alto do Amazonas (atual região Rio Solimões), circa 1867.

Igarapé de São Vicente, Manaus, Amazonas, circa 1867.

Alto Amazonas ou Solimões, 1867.

1865: O fotógrafo George Leuzinger (1813-1829) nasceu em Cantão de Glaris, na Suíça, veio para o Brasil e fixou-se no Rio de Janeiro em 1832. Foi proprietário da Casa Leuzinger, onde instalou um ateliê fotográfico. Realizou uma série de fotografias da cidade e das regiões serranas da província do Rio de Janeiro, como Petrópolis e Friburgo. Realizou também belos panoramas da cidade do Rio de Janeiro, sendo, posteriormente, premiado no Brasil e no exterior por esse trabalho. A Casa Leuzinger destaca-se como centro de divulgação de um repertório de paisagens do país, em gravura e fotografia. Colaborou com o naturalista Louis Agassiz na ilustração do livro Viagem ao Brasil 1865-1866, registrando diversos espécimes de nossa exuberante fauna. Mas eram vistas do Rio de Janeiro as atrações principais de seu catálogo, relacionando o impressionante total de 337 fotografiasO estabelecimento de Leuzinger tem importância também como casa editorial, que publica, entre outros, o Catálogo da Exposição de História do Brasil, realizada na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, entre 1881 e 1882. Leuzinger (abaixo) participa de quatro edições da Exposição Nacional, no Rio de Janeiro, e das Exposições Universais de Viena, em 1873, de Antuérpia, em 1885, e de Paris, em 1867 e 1887. 

Dique da Ilha das Cobras, Rio de Janeiro.

Carnaúba, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 1867 circa.

Vista da Glória a partir do Outeiro, Rio de Janeiro, 1866 circa.

Vista panorâmica da Lagoa Rodrigo de Freitas,  Rio de Janeiro, 1870 circa.

Largo do Paço e o chafariz de Mestre Valentim,  Praça 15 de Novembro, Rio de Janeiro,1865 circa. Fonte: http://brasilianafotografica.bn.br/

1867: José Ferreira Guimarães realiza pela primeira vez no país um retrato fotográfico de grandes dimensões (2,00 X 1,35 m). Por este trabalho, Guimarães recebe medalha de prata na Exposição Geral de Belas-Artes. Era português, nascido em Guimarães em 1841, de onde terá emigrado aos 11 anos. No Rio de Janeiro, Guimarães aprendeu a arte fotográfica e tornou-se num dos mais afamados retratistas do Brasil, tendo alcançado o título, a poucos concedido, de Fotógrafo da Casa ImperialEm 1867, apresentou numa exposição a maior ampliação fotográfica até aí produzida no Brasil. Guimarães tornou-se, rapidamente, num dos retratistas favoritos da elite brasileira. Amigo de D. Pedro II, encerrou o seu ateliê após a instauração da República e mudou-se para Paris. Apresentou na Exposição Universal de 1889 o “Relâmpago Guimarães”, uma espécie de flash que permitia tirar fotografias em ambientes obscurecidos (as suas experiências foram anteriores à apresentação do pó relâmpago, inventado pelos alemães Johannes Gaedicke e Adolf MietkeFaleceu em Paris em 1924. 
Retrato de Francisco Inácio de Carvalho Rezende (1867-1868).

1867: Os fotógrafos Carneiro & Gaspar produzem uma fotomontagem do imperador do Brasil conversando consigo mesmo.
Retrato em Dupla-Exposição de Dom Pedro II conversando consigo mesmo. Carneiro e Gaspar,1867.

Dica de Filme:

Sinopse: Antônio de Souza Netto é um general brasileiro que é ferido em plena Guerra do Paraguai e agora está se recuperando no Hospital Militar de Corrientes, na Argentina. Lá ele percebe que coisas estranhas estão ocorrendo ao seu redor, como o capitão de Los Santos acusar o cirurgião de ter amputado suas pernas sem necessidade e reencontrar um antigo camarada, o sargento Caldeira, ex-escravo com quem lutou na Guerra dos Farrapos, ocorrida algumas décadas antes. Juntamente com Caldeira, Netto rememora suas participações na guerra e ainda o encontro com Milonga, jovem escravo que se alistara no Corpo de Lanceiros Negros, além do período em que viveu no exílio no Uruguai.
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-124351/
Direção: Beto Souza e Tabajara Ruas, 2001.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=TFYv7V0j-0A

Referências:

BUITONI, Dulcilia Schroeder. Fotografia e jornalismo: a informação pela imagem. São Paulo: Saraiva, 2011. (Coleção Introdução ao Jornalismo; v. 6).

SENAC. DN. Fotógrafo: o olhar, a técnica e o trabalho. Rose Zuanetti; Elizabeth Real, Nelson Martins et al. Rose Zuanetti; Elizabeth Real, Nelson Martins et al. Rio de Janeiro: Ed. Senac nacional, 2004.

TURAZZI, Maria Inez; FUNARTE. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo (1839/1889). Rio de Janeiro: FUNARTE: Rocco, 1995.

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