sábado, 23 de maio de 2015

História da Fotografia no Brasil - Século XX - de 1931 a 1944

1937: Hildegard Baum Rosenthal nasceu em Zurique, na Suíça, em 1913, e faleceu em São Paulo, em 1990. Vive até a adolescência em Frankfurt, Alemanha, onde estuda Pedagogia, de 1929 a 1933. Mora em Paris entre 1934 e 1935. De volta a Frankfurt, estuda fotografia com Paul Wolff (1887-1951) - um especialista em câmeras de pequeno formato - e técnicas de laboratório no Instituto Gaedel. Em conseqüência do regime nazista transfere-se para São Paulo, em 1937.
Auto-Retrato , ca. 1938.

Em 1937, começa a trabalhar como orientadora de laboratório na empresa de materiais e serviços fotográficos Kosmos. Poucos meses depois, é contratada como fotojornalista pela agência Press Information, e realiza reportagens para periódicos nacionais e internacionais. Nesse período, documenta São Paulo, Rio de Janeiro, o interior paulista e cidades do sul do Brasil, além de retratar diversas personalidades da cena cultural paulistana, como o pintor Lasar Segall e o escritor Guilherme de Almeida. 
Movimento na Sé (São Paulo) [Praça da Sé] , 1939.

Interrompe sua atividade profissional em 1948 com o nascimento da primeira filha. Em 1959, após o falecimento do marido, assume a direção da empresa da família. Suas fotos permanecem pouco conhecidas até 1974, quando o historiador da arte Walter Zanini realiza uma retrospectiva de sua obra no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP. No ano seguinte, o Museu da Imagem e do Som de São Paulo - MIS/SP é inaugurado com a mostra Memória Paulistana, de Hildegard Rosenthal. 
Parada de Bonde [Praça da Sé], ca. 1938.

Em 1996, o Instituto Moreira Salles adquire mais de 3 mil negativos de sua autoria. Rosenthal é considerada a primeira mulher a atuar como fotojornalista no Brasil. Faz parte da geração de fotógrafos europeus que imigram na época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e, atuando na imprensa local, contribuem para renovar a estética fotográfica dos periódicos nacionais.
Mappin [Praça Ramos de Azevedo - São Paulo], ca. 1940.

Suas imagens têm poucos espaços vazios. O negativo é quase todo preenchido com conteúdos apresentados de maneira equilibrada e clara. Valoriza os meios-tons e os detalhes à sombra, o que demonstra sua intenção de registrar o máximo de informações. Rosenthal também realiza fotomontagens para a imprensa nacional. Esses trabalhos, em consonância com o conjunto de sua obra, ilustram aspectos da cidade e situações cotidianas. 
Rua XV de Novembro (São Paulo), ca. 1939.

“Pelo exemplar conhecido (o de um menino-gigante jornaleiro, distribuindo o Jornal da Manhã pelas ruas, muito acima dos edifícios), é de se crer que as fotomontagens de Hildegard se voltassem mais em direção do experimentalismo característico daqueles anos do que num sentido propriamente político”.

Boris Kossoy (2007, p. 91) 
Menino Jornaleiro , 1940. 

1939: “O DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda, criado em dezembro de 1939, subordinado diretamente à presidência da República, alimentava os periódicos e cinejornais com materiais de exaltação à figura de Vargas e as realizações do Estado Novo. Durante o período, o DIP aproveitava-se também do rádio, ainda nos seus inícios, para veicular informações oficiais e incessante propaganda do governo. É criada a Hora do Brasil, e o programa entrava no ar entre 19 e 20 horas, horário ‘em que a maior parte das pessoas [já se encontrava] nos seus lares’”.
Boris Kossoy, 2007, p. 121-122

1939: Inaugurado em 28 de abril de 1939 no salão do Edifício Martinelli, no centro da cidade de São Paulo, o Foto Clube Bandeirante formou ao longo da década de 1940 uma sólida estrutura material e atingiu um alto nível de organização interna. O número de sócios crescia a cada mês e já em 1942 o clube promoveu o 1º Salão de Arte Fotográfica de São Paulo, que contou com o apoio da Prefeitura do Município.
Helouise Costa e Renato Rodrigues (1995, p. 43)
Foto da fundação: 28 de abril de 1939 (Acervo Biblioteca FCCB).


1939: Eduardo Salvatore nasceu em São Paulo (1914-2006) e é advogado formado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, desde 1936. A partir de 1937, dedica-se, como amador e autoditata, à fotografia artística. Foi presidente do Foto Cine Clube Bandeirante em 1943 até 1990, membro dos juris dos Salões, orientador de seminários, integrante de excursões fotográficas, palestrante, escrevia para revistas especializadas.
 
Esquerda: Eduardo Salvatore.
Direita: Sombras da Tarde, 1948.

O trabalho de Salvatore de como fotógrafo traz a geometrização dos motivos e manipulação de claros-escuros radicais. Em 1950, organiza a Confederação Brasileira de Fotografia e Cinema (CBFC), que reúne os Foto-Clubes do país e representa o Brasil na Fédération International de l'Art Photographique (FIAP), com sede na Suíça. Preside a CBFC de 1950 a 1989. Participa de inúmeras exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior, conquistando reconhecimento internacional.

1939: José Yalenti (1895-1967) foi um dos fundadores do Foto Cine Clube BandeiranteIncorporou a geometrização dos motivos, enfatizando jogos de linhas e planos e descentrando definitivamente o interesse pelos objetos em si. Privilegiou o elemento arquitetônico.

Esquerda embaixo: Paralelas e diagonais, 1945.

1942: O Photo Club Brasileiro, no Rio de Janeiro, e o Foto Clube Bandeirante, em São Paulo, organizam exposições e o Primeiro Salão Nacional de Fotografia.

1944: A revista O Cruzeiro traz imagens de Jean Manzon do encontro com os índios xavantes, os problemas sociais, os tipos regionais, os trabalhadores, os retratos de políticos e artistas. Estas imagens foram reproduzidas em jornais e revistas estrangeiras. Jean Manzon ajudou a criar a dupla fotógrafo-repórter, ao lado de David Nasser, produziu mais de 300 reportagens entre 1943 a 1951.
Esquerda: Jean Manzon.
Direita: Portinari.

Jean Manzon nasceu em Paris, França, em 1915 e faleceu em São Paulo, em 1990. Iniciou a carreira como repórter fotográfico do jornal Paris Soir e, posteriormente, integrou a equipe de jornalistas que fundou o Paris Match. Em 1940, conheceu o cineasta Alberto Cavalcanti e, influenciado por ele, decidiu vir para o Brasil. Fixou-se no Rio de Janeiro, onde exerceu uma intensa atividade profissional. Jean Manzon colaborou com as revistas ilustradas dos Diários Associados e, especialmente, com a revista O Cruzeiro (1943-1952), inovando a reportagem fotográfica no Brasil. 
Esquerda: Villa Lobos.
Direita: Carmem Miranda.

Em 1952, fundou a empresa cinematográfica Jean Manzon Produções, produzindo, ao longo de sua vida, cerca de 900 documentários, na maioria sobre o povo, a cultura e as cidades brasileiras. Em 1966, recebeu o Leão de Ouro do Festival de Cinema de Veneza, Itália, pelo filme documentário L'Amazone.
Esquerda: Hugo Borghi, c. 1950.
Direita: Juscelino Kubitschek e Lucio Costa, Brasília, c. 1957.

Dica de Filme:

Sinopse: Berlim, início do século XX. Olga Benário (Camila Morgado) é uma jovem judia alemã. Militante comunista, é perseguida pela polícia e foge para Moscou, onde recebe treinamento militar e é encarregada de acompanhar Luís Carlos Prestes (Caco Ciocler) de volta ao Brasil. Na viagem, enquanto planejam a Intentona Comunista contra o presidente Getúlio Vargas, os dois acabam apaixonando-se. Parceiros na vida e na política, Olga e Prestes terão de lutar pelo amor, pelo comunismo e, principalmente, pela sobrevivência.
Direção: Jayme Monjardim, 2004.

Referências: 

COSTA, Helouise; RODRIGUES, Renato. A fotografia moderna no Brasil. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ: IPHAN: FUNARTE, 1995.

KOSSOY, Boris. Os tempos da fotografia: o efêmero e o perpétuo. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2007.

OLIVEIRA, Erivam Morais de; VICENTINI, Ari. Fotojornalismo: uma viagem entre o analógico e o digital. São Paulo: Cengage Learning, 2009.

SENAC. DN. Fotógrafo: o olhar, a técnica e o trabalho. Rose Zuanetti; Elizabeth Real, Nelson Martins et al. Rose Zuanetti; Elizabeth Real, Nelson Martins et al. Rio de Janeiro: Ed. Senac nacional, 2004. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário