quarta-feira, 27 de maio de 2015

História da Fotografia no Brasil - Século XX - De 1982 a 2000

1988: Pierre Verger cria a Fundação Pierre Verger, da qual era doador, mantenedor e presidente, transformando a própria casa num centro de pesquisa, cujo acervo contém cerca de 60 mil negativos de fotos suas.

Nascido em Paris, dia 4 de novembro de 1902, filho de uma abastada família de origem belga e alemã, Pierre Edouard Léopold Verger chegou a Bahia em agosto de 1946 e a partir de então passou a dedicar sua vida ao estudo da forte e complexa relação existente entre a África e a Bahia. 
Pierre Verger - Série “Iniciação”, Bahia.

Realizou um extenso trabalho etnológico retratando o povo, seus costumes e principalmente as religiões afro-brasileiras.  Seus trabalhos lhe valeram o título de Doutor em Etnologia pela Universidade de Paris, Sorbonne, e também o de Babalaô pelo Candomblé.
Esquerda: Três tambores na Bahia.
Direita: Dona Maria Bibiana do Espírito Santo, Mãe Senhora do Axé Opô Afonjá.

1997: Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro, através da sua Universidade Politécnica lança o Curso de Tecnólogo em Fotografia, o primeiro curso de nível superior em fotografia no Brasil.

1997: O fotógrafo Evandro Teixeira Almeida nasceu em Irajuba, na Bahia, em 1935. Inicia sua carreira jornalística em 1958, em O Diário da Noite, na cidade do Rio de Janeiro, na qual se radica e onde vive desde então. Transfere-se para o Jornal do Brasil em 1963.

Extremamente versátil, destaca-se em diversos campos da cobertura jornalística, desde os temas políticos até a fotografia de esporte. Teixeira fotografou a chegada do general Castello Branco (1900-1967) ao forte Copacabana durante o golpe militar de 1964 (abaixo), a repressão ao movimento estudantil no Rio de Janeiro, em 1968, e a queda do governo Salvador Allende (1908-1973) no Chile, em 1973.

Cobriu várias Olimpíadas e Copas do Mundo, realizando, em 1991, a mostra itinerante Seul & Cia., congregando suas fotografias no campo do esporte. É autor dos livros Fotojornalismo (1983) e Canudos 100 anos (1997), entre outros. Em 1992, foi incluído no acervo da Biblioteca do Centro de Artes Georges Pompidou, Paris, França. 

Entre todas as suas participações em exposições individuais e coletivas, destaca-se a mostra dos 40 mais importantes fotógrafos do mundo, ao lado de Sebastião Salgado, Henri Cartier Bresson, Robert Capa e Marc Ribaud, na Galeria da Leica, em Nova lorqueEm 1994, tem seu currículo incluído na Enciclopédia Suíça de Fotografia, onde estão registrados os maiores fotógrafos do mundo. 
Ayrton Senna no GP Brasil, 1989.

O fotojornalista recebeu, entre outros, o Prêmio Especial da UNESCO no Concurso Internacional “A Família”, em Tóquio, Japão (1993), e os Prêmios do Concurso Internacional da Nikon, Japão, 1991 e 1975 e da Sociedade Interamericana de Imprensa, em Miami, Estados Unidos com a lendária foto “A queda da moto” (abaixo), que junto com a célebre imagem da “Passeata dos 100 mil”, tornaram-se símbolos do movimento estudantil contra a ditadura militar no Brasil, entre 1964 e 1968.

Dez anos depois (2004), Teixeira teve sua vida e obra retratada em um documentário, exibido nacionalmente: “Evandro Teixeira: Instantâneos da Realidade”, de Paulo Fontenelle.
Sexta-feira Sangrenta, na Cinelância, em 1968, com estudantes atacados pela Polícia Militar.

Trabalhou no Jornal do Brasil durante 47 anos, deixando o jornal apenas em 2010, quando este interrompeu a circulação impressa para se concentrar apenas na edição on line. Em 2008, Teixeira lança a obra 1968 Destinos 2008 – Passeata dos 100 Mil (abaixo). O livro é baseado em um projeto fotográfico em que mais de cem pessoas foram identificadas na imagem durante a passeata, na obra encontram-se imagens 40 anos depois e depoimentos destas pessoas.

Em 2014, foi lançada a biografia com o título Evandro Teixeira – Um certo olhar, escrita por Silvana Costa Moreira, pela Editora 7Letras.

1997: Vicente José de Oliveira Muniz, conhecido como Vik Muniz, nasceu em São Paulo. Em 1983, mudou-se para os Estados Unidos (Chicago, depois Nova York), onde estudou direção de teatro e cenografia na Universidade de Nova York. Em 1989, começou a série O melhor da Life fotografando desenhos feitos de memória de fotos famosas publicadas na revista Life
 
Esquerda: Autorretrato de Vik Muniz.
Direita: Releitura do retrato de Lewis Carroll da menina Alice (feita no século XIX), 2004.

Já fez trabalhos com chocolate, açúcar, catchup, gel para cabelo, diamantes e lixo. 
Esquerda: Série de Imagens "Divas de Diamantes".
Direita: Capa feita com chocolate do CD dos Tribalistas (Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brown), lançado em 2002.

Em 1996, começou a fazer trabalhos com açúcar e poeira, para a série Crianças de açúcar (1996), na qual retratos dos filhos de trabalhadores de canaviais são apresentados em açúcar (abaixo).

Vik Muniz cria Foto de ação, à maneira de Hans Namuth (abaixo) é uma reprodução em chocolate de uma das fotos que o fotógrafo alemão Hans Namuth fez do artista plástico Jackson Pollock trabalhando em um quadro de ação.

A série Imagens de chocolate (1997) feitas com calda de chocolate da marca Bosco. Muniz cria Monalisa dupla, à maneira de Warhol usando manteiga de amendoim e geleia (abaixo). Com calda de chocolate, pintou o retrato do pai da psicanálise, Sigmund Freud. Muniz também recriou muitos trabalhos do pintor francês Monet.

Lançado o documentário Lixo Extraordinário que mostra o trabalho do fotógrafo Muniz no Aterro Sanitário do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Foi dirigido pela Lucy Walker. A filmagem recebeu um prêmio no festival de Berlim na categoria Anistia Internacional e no Festival de Sundance.
Tião numa simulação do quadro A Morte de Marat: personagem de obra de arte em Lixo Extraordinário.

1999: Senac de São Paulo inicia o primeiro curso de bacharelado em fotografia do Brasil.

2000: “A festa da Mãe das Dores já dura mais de um século e é associada à figura do padre Cícero Romão Batista, grande devoto de Nossa Senhora. [...] O romeiro ciclista equilibra a figura do padre Cícero como sinal de devoção” (KOSSOY; SCHWARCZ, 2012, p. 405).
Imagem de José BassitRomaria de Nossa Senhora das Dores, 
Juazeiro do Borte, Ceará, 2000. 

“Nasceu em 1957, em São Paulo. Iniciou sua carreira como fotojornalista em 1985, após estudos de publicidade e jornalismo. Trabalhou para O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde (1987-1991), e para revistas Época e Veja. Foi editor de fotografia do jornal Meio e Mensagem (1994/1995) e repórter fotográfico da Revista da Folha (1996/1997). Atua como fotógrafo independente e desenvolve trabalhos pessoais como “Por onde anda a fé” (1998-2003). Autor do livro Imagens Fiéis”.
KOSSOY; SCHWARCZ (2012, p. 443)


Dica de Filme:

Sinopse: As imagens produzidas por Evandro Teixeira, um dos principais nomes do fotojornalismo brasileiro, no decorrer de sua carreira. Entre elas estão momentos importantes da história do país e do mundo, como a ditadura militar no Brasil, a queda do governo Allende no Chile e a cobertura de Copas do Mundo e Jogos Olímpicos.
Direção: Paulo Fontenelle, 2004.

Referências:

HACKING, Juliet (editora geral). Tudo sobre fotografia. Tradução de Fabiano Morais, Fernanda Abreu e Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. Título original: Photography: the whole story.

KOSSOY, Boris; SCHWARCZ, Lilia Moritz. Um olhar sobre o Brasil: a fotografia na construção da imagem da nação – 1833-2003. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

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