1920: Sob o impulso do grande teórico da fotografia
Lázló Moholy-Nagy e de Alexander Rodtchenko, a fotografia construtivista renova
a percepção da atualidade, introduzindo a grande angular e os grandes planos.
Promove o uso da fotografia para retratar a era moderna. Moholy-Nagy recorreu
ao fotograma, fruto da luz sem intervenção óptica, e usou as possibilidades de
ampliação, montagem, dupla exposição, vistas em plano picado.
Lázló Moholy-Nagy (1895-1946) foi o fotógrafo mais influente da
vanguarda alemã, acreditava que a fotografia oferecia uma linguagem visual
universal ideal para as necessidades progressistas da sociedade moderna. Em
1925, delineou sua estética da Nova Visão em pintura, fotografia e
filme. Com a Leica A não só a imagem do quadro era significativa, quanto a
forma como a própria câmera tornava possível a composição.
Retrato
feito por Lucia Moholy.
1922: Alexander
Rodchenko (1891-1956), pintor e gráfico nascido em São Petersburgo, começa a
produzir fotomontagens usando imagens achadas, como fotografias publicadas em
jornais. Fez fotomontagens para ilustrar poemas de Maiakovski. Fotografia
tipicamente soviética, envolvimento com a pintura abstrata: construtivismo
russo.
“Os seus enquadramentos oblíquos, as suas tomadas de vista em picado de paisagens urbanas e fabris ajustam-se à estética da época, patente também no cinema soviético” (SOUGEZ, 2001, p. 241).
Osip Brik, crítico literário, 1924. Gelatina e prata com
detalhe em guache.
Esquerda: Calle Miasnitzkaïa (actual calle Kirov).
Direita: Sobre eso.
1924: Apresentação
da Ermanox, primeira câmara portátil com uma objetiva, com negativos de
vidro de pequeno formato, extraordinariamente luminosa, muito usada por
fotógrafos de imprensa e em locais pouco iluminados. A possibilidade de
fotografar em interiores sem "flash" ou tripé, com uma câmara pequena
orientou o fotojornalismo para a direção em que ainda hoje se mantém - a
informação direta. Com a Ermanox, o alemão Erich Salomon pôde captar
detalhes das reuniões de cúpula dos dirigentes europeus, inaugurando um
inusitado estilo de comentário político na imprensa.
“Erich Salomon, Recepção no Ministério dos Negócios Estrangeiros, Paris,
1931. Esta é, talvez, a fotografia mais famosa de Solomon. Os fotógrafos não
eram admitidos no evento, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros francês
apostou com o seu chefe do protocolo que Solomon iria estar lá. E efetivamente
esteve. A fotografia representa o instante em que o governante avista Solomon e
exclama: ‘Le voilá! Le Roi des indiscrets!’. Solomon é considerado um dos
progenitores do fotojornalismo moderno, devido à introdução da fotografia
cândida: o fotógrafo procura descobrir os instantes em que as figuras públicas
baixam as suas defesas para as fotografar descontraidamente. A fotografia
posada cedia lugar à fotografia viva”.
Jorge Pedro Sousa, 2004, p. 31
1924: Man Ray
(Emmanuel Rudnitzky, 1890-1976) nasceu no sul da Filadélfia, Pensilvânia,
depois mudou para Nova York. Trabalhou como desenhista publicitário e estudou
pintura antes de adotar a fotografia. Ray teve contato com os artistas
dadaístas e surrealistas, dedicou-se ao retrato entre outros temas. Ganhou em
1961 a Medalha de Ouro de Fotografia na Bienal de Veneza.
Man Ray faz em 1924 uma de suas obras mais famosas “O
Violino de Ingres” (abaixo) com a musa Alice Prin, foi publicada no periódico
francês Littérature.Ray pintou os ouvidos de um violino à mão na
impressão, provocando uma perfuração surrealista do corpo. A pose da modelo
sugere o corpo como um instrumento, como uma curva do violino.
Esquerda: Marcel Duchamp.
Direita: Lee Miller.
Esquerda: Joan Miró.
Direita: Salvador Dalí.
1926:
A italiana Tina Modotti (1896-1942) fotografou a cultura e a
política mexicana pós-revolução mergulhando na cena vanguardista mexicana. A Parada
dos Trabalhadores (abaixo) mostra
os camponeses em um ponto de observação elevado durante a parada de 1º de maio
de 1926. Os sombreiros tremidos dão a sensação de movimento.
Esquerda: "Um orgulho agrarista", menino
mexicano camponês, 1927.
Direita: Filha de ferroviário, 1928.
Esquerda: Mãe índia amamentando seu bebê, 1925.
Direita: Mãos do Titereiro, 1929.
1927: A americana
Margaret Bourke-White fotografou vários temas e destaca-se pelo seu
pioneirismo em muitos destes. Criou fotografias de arquitetura de Cornell, com
estas preparou seu primeiro portfólio. Fez imagens da fundição de aço da
Otis Steel Company em Cleveland, Ohio. Foi um dos grandes nomes do
fotojornalismo americano, sendo a primeira repórter fotográfica das revistas Life
e Fortune. Preocupou-se em documentar as privações sociais das pessoas nos
Estados Unidos. Publicou uma obra fotográfica em 1937 sobre os estados do sul
dos Estados Unidos durante a Grande Depressão, intitulada "You Have Seen
their Faces", do escritor Erskine Caldwell.
Esquerda: Margaret Bourke-White durante reportagem na Rússia,
1931.
Direita: Margaret Bourke-White trabalhando no topo do
Edifício Chrysler, 1934. Imagem feita por Oscar Graubner.
Margaret Bourke-White foi a primeira mulher que teve
a permissão de fotografar na União Soviética na década de 1930, um oficial
russo deu a permissão após examinar seu portfólio, produziu cerca de mil
imagens de barragens, fábricas e trabalhadores. Ficou no front de batalha durante
a Segunda Guerra Mundial, inclusive fazendo imagens de campos de extermínio
nazistas. Fez imagens de Mahatma Gandhi horas antes dele ser assassinado em
1946.
Esquerda: Capa da primeira edição da Revista Life,
23/11/1936. A matéria era sobre a construção de represa no Rio Missouri,
Montana, Estados Unidos.
Direita: Presos no campo de concentração de Buchenwald, na
Alemanha, 1945.
“A sua reportagem sobre a libertação dos campos de deportação nazis pode considerar-se como o culminar a sua carreira, ainda que prosseguisse a sua obra com imagens da resistência pacífica de Gandhi e da Guerra da Coreia” (TUDO SOBRE FOTOGRAFIA, 2012, p. 205).
Pilha de cadáveres, campo de Buchenwald, 1945. Esta
fotografia mortal foi publicado na edição de maio da revista Time em
1945, com a descrição: "Homens mortos terão de fato morrido em vão se os
homens vivos se recusam a olhar para eles".
Esquerda: Gandhi em sua casa, Índia, 1946.
Direita: Estátua da Liberdade, 1951.
Esquerda: Decapitação de um prisioneiro durante a Guerra da
Coreia, 1951.
Direita: Reportagem sobre a segregação racial nos Estados
Unidos, 1956.
Mais informações: http://www.unicap.br/galeria/pages/?p=8088
1928: Apresentação
da câmara fotográfica Rolleiflex TLR (reflex de duas objetivas gêmeas),
projetada por Franke e Heidecke.
1928: O inglês Cecil
Beaton (1904-1980) lançou sua carreira como fotógrafo da sociedade em 1927
com uma exposição em Londres, que lhe valeu um contrato com a Vogue. A
foto “Miss Nancy Beaton como uma estrela cadente” (abaixo) mostra a melhor
forma romântica e extravagante.
Cecil Beaton atrás da câmera. Foto: Louise
Dahl-Wolfe.
Em 1939, Cecil Beaton fotografou a Rainha Elizabeth,
a mãe de Elizabeth II. Beaton desenhou os figurinos da produção da Broadway de
Gigi (1958) e My Fair Lady (1964). Ganhou dois Oscars por estes
trabalhos, além de Oscar de direção de arte em My Fair Lady. Foi
agraciado com o título de Sir em 1972. Abaixo, figurino desenhado para o filme My Fair Lady, ao lado foto da atriz Audrey Hepburn.
Marilyn Monroe.
Esquerda: Elizabeth Taylor.
Direita: Maria Callas.
1928:
A revista semanval Vu é fundada por Lucien Vogel. Uma das
primeiras revistas semanais com ilustrações fotográficas, costuma apresentar
trabalhos de fotógrafos de vanguarda residentes em Paris, inaugura um novo tipo
de imprensa gráfica. Contrata fotógrafos como André Kertész e Brassaï. Durou de
21 de março de 1928 até 29 de maio de 1940.
Foto de capa: Man Ray.
1929:
A franco-alemã nascida na Polônia, Germaine Krull, (1897-1985)
publica seu livro de fotografias 100 x Paris, em que documenta a
cidade com sua estética modernista peculiar. Krull conviveu com muitas artistas
e escritores nos círculos de vanguarda. Trabalhou com moda, retratos, nus
femininos, montagens de vanguarda e fotografia de rua. Germaine Krull
usou ângulos dramáticos e pontos de vista e cortes incomuns para documentar
partes geométricas e intricadas de maquinário e estruturas industriais.
Self-portrait with cigarette, 1925.
Esquerda: Jean Cocteau, 1929.
Direita: Sem título, 1928.
Dica
de Filme:
Sinopse: Henry
Higgins (Rex Harrison), um intelectual e professor de fonética, aposta que
conseguirá, no período máximo de seis meses, transformar Eliza Doolittle
(Audrey Hepburn), uma simples florista de rua que não sabe falar direito, em
uma dama. Mas a tarefa se mostra muito mais difícil do que tinha sido imaginada
originalmente.
Direção: George Cukor, 1965.
Referências:
HACKING,
Juliet (editora geral). Tudo sobre fotografia. Tradução de Fabiano
Morais, Fernanda Abreu e Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. Título
original: Photography: the whole story.
REVISTA
FHOX. Dez. 1999/jan. 2000. Ano XI. N. 58. São Paulo: Fhox, 1999.
SENAC. DN. Fotógrafo:
o olhar, a técnica e o trabalho. Rose Zuanetti; Elizabeth Real, Nelson
Martins et al. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2004.
SOUGEZ,
Marie-Loup. História da Fotografia. Tradução de Lourenço Pereira.
Lisboa: Dinalivro, 2001. Título original: Historia de la Fotografia.
SOUSA, Jorge
Pedro. Fotojornalismo: introdução à história, às técnicas e à linguagem
da fotografia na imprensa. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004.
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