Homenagem
a algumas fotógrafas em função da data de 8 de março...
Julia
Margaret Cameron (1815-1879)
Fotógrafa
indiana nascida em Calcutá, na Índia, mas radicada na Inglaterra, fez uma série
de fotografias da sua família e de amigos num estilo próximo dos pintores,
utilizava de maneira muito criativa a luz e começou a fotografar aos 48 anos,
fotografou inclusive pessoas famosas da época. Criava retratos demonstrando
personalidades como Charles Darwin e Sir. John Herschel, importante astrônomo que
participou do desenvolvimento do processo fotográfico. Cameron retratava as
mulheres como heroínas, mostrando sua beleza triste e firmeza moral, o seu mais
importante retrato foi de Annie Philpot (1864). No entanto, a imagem Beatrice
de 1866 foi feita em homenagem a Beatrice Cencil, que foi enforcada em Roma em
1599 por ter encomendado a morte de seu pai, o Conde Francesco, que abusava
dela.
Beatrice
Dorothea Lange (1895-1965)
É uma pedagoga que estudou em
Sorbonne, foi uma das principais fotógrafas do projeto Farm Security
Administration. A imagem “Mãe migrante, Nipomo, Califórnia” (abaixo) que mostra uma mãe
e seus filhos passando fome, chamou atenção para as provações dos fazendeiros
californianos, nesta imagem mostra Florence Owens Thompson, que cresceu no
Território Indígena da Nação Cherokee em Oklahoma, foi a fotografia mais famosa
do projeto em 1936. Com
o propósito de documentar os horrores provenientes dessa situação, Dorothea Lange
publica seu livro The American Exodus (O
Êxodo Americano), com texto de Paul Taylor. O livro foi utilizado para um
relatório do Congresso Americano e, com esse projeto, Lange fez da situação, um
problema conhecido nacionalmente, tendo suas fotos publicadas em inúmeros
jornais e revistas. Mais tarde fez
reportagens para a Life em países da América Latina e da Ásia.
Mãe Migrante
Margaret Bourke-White (1904-1971)
A americana
Margaret Bourke-White fotografou vários temas e destaca-se pelo seu pioneirismo
em muitos destes. Criou fotografias de arquitetura de Cornell, com estas
preparou seu primeiro portfólio. Fez imagens da fundição de aço da Otis
Steel Company em Cleveland, Ohio. Foi um dos grandes nomes do fotojornalismo
americano, sendo a primeira repórter fotográfica das revistas Life e Fortune.
Preocupou-se em documentar as privações sociais das pessoas nos Estados Unidos.
Publicou uma obra fotográfica em 1937 sobre os estados do sul dos Estados
Unidos durante a Grande Depressão, intitulada "You Have Seen their
Faces", do escritor Erskine Caldwell. Foi a primeira mulher que teve a
permissão de fotografar na União Soviética na década de 1930, um oficial russo
deu a permissão após examinar seu portfólio, produziu cerca de mil imagens de
barragens, fábricas e trabalhadores. Ficou no front de batalha durante a
Segunda Guerra Mundial, inclusive fazendo imagens de campos de extermínio
nazistas. Fez imagens de Mahatma Gandhi em sua casa, horas antes dele ser assassinado em
1946 (abaixo).
Diane Arbus (1923-1971)
A fotógrafa norte-americana Diane Arbus iniciou sua carreira como fotógrafa de moda junto com seu marido, mas a partir dos anos 1960 passou a fotografar deficientes, travestis, anões e prostitutas, ou seja, se interessou em retratar o que era considerado uma população marginal, pessoas em que não havia interesse em serem fotografadas por parte de muitos fotógrafos, problematizando os estereótipos da moda em contradição as pessoas que estavam fora desse modelo de beleza e estética a ser fotografado, publicado e visto por todos. Suas imagens revelam seu contato e aproximação com as pessoas, representa um olhar sem preconceitos, que busca o contexto e a situação vivida por estas. Os retratos de Arbus são considerados psicológicos que mostram a cultura suburbana americana, ao criar imagens de pessoas como nudistas e toxicodependentes em planos frontais com poses diferenciadas.
Anão
mexicano em seu quarto de hotel, em 1970.
Nair
Benedicto (1940)
Formada em Comunicação (Rádio e Televisão) pela Universidade
de São Paulo em 1972, data em que iniciou sua carreira de fotógrafa. É sócia
fundadora da Agência F4 de Fotojornalismo em 1974 junto com Juca Martins, Delfim
Martins e Ricardo Malta e da Nafoto. Desde 1991 dirige a N Imagens, através da
qual veicula seu acervo e trabalhos. Fotografou índios e trabalhadores sem terra.
Documentou a situação da mulher e da criança na América Latina pela UNICEF e
UNIFEM em 1988 e 1989. Tem fotos publicadas nas principais revistas nacionais e
internacionais, assim como no acervo do MOMA (Museu de Arte Moderna de Nova
York), no Smithsonian de Washington, no MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo)
e no do Rio de Janeiro, e no Patrimônio Histórico da Cidade de São Paulo. Foi
reconhecida com o Prêmio Trip Transformadores 2010. Foi a fotógrafa homenageada
no Foto Fest POA 2012.
Renata Victor (1966)
É formada e
pós-graduada em Design pela Universidade Federal de Pernambuco. Trabalhou no
Jornal do Comércio durante 10 anos, começou como repórter fotográfico, passou
para subeditora e depois assumiu a editoria de fotografia. Leciona na
Universidade Católica de Pernambuco desde 1991, nos cursos de Jornalismo, Publicidade
e Relações Públicas. Atua como Coordenadora do Curso Tecnológico de Graduação
em Fotografia desde 2010 (http://www.unicap.br/galeria/pages/). Participou
de várias exposições, tais como, Pernambuco Mix, a qual foi curadora em Recife
e São Paulo. Como professora orientadora, ganhou 45 prêmios nos Sets Universitários
e INTERCOM. É diretora da Agência que leva seu nome, onde tem como
clientes empresas como Sistema Fiepe, Baterias Moura, Coca Cola, Natura,
Votorantim, Cerimonial Tatiana Marques, entre outros. Editora da Revista
Unicaphoto que trata de pesquisas em fotografias, ensaios fotográficos e demais
temas (http://www.unicap.br/unicaphoto/). A imagem abaixo foi publicada na segunda edição da Revista Unicaphoto no ensaio "Recortes de Manhattan".
Nan Goldin (1953)
Começou a fotografar aos 15 anos, quando ganhou a
sua primeira câmera de seu professor. Depois de se formar na School of the Museum of Fine Arts, em Boston, em 1978, Nan Goldin mudou-se
para Nova Iorque e
começou a fotografar o cenário new-wave pós-punk e a subcultura gay no final da década de 1970 e começo da década de 1980. Goldin
publicou seu diário visual íntimo intitulado A balada da dependência sexual,
que trata da política sexual, a questão de gênero e revela a vida de uma
comunidade marginal urbana no Lower East Side, em Nova York, esta coleção tem
700 slides acompanhadas de música. A fotografia de Nan um mês após ser
espancada (abaixo) mostra
o relacionamento violento entre ela e o namorado, Brian. Em novembro de 1989,
Goldin foi curadora da exposição de imagens “Testemunhas contra nosso desaparecimento”
na Galeria Artists Space, em Nova York, muitas das fotos tinham como tema o
impacto da Aids sobre o corpo humano, com algumas imagens sexualmente
explícitas, mostrando o corpo e a sexualidade. A intenção dos artistas com esta
exposição foi alertar outras pessoas da devastação de sua comunidade e oferecer
um espaço de apoio aos que estavam morrendo de Aids.
Cindy
Sherman (1954)
Ao tratar
das modalidades de representação possíveis através das fotografias é necessário
analisar o trabalho de Cindy Sherman, uma fotógrafa norte-americana que em
muitas das suas criações é, ao mesmo tempo, fotógrafa e fotografada, ou seja,
elabora a cena e é a modelo que empresta seu corpo para representar inúmeros
papeis. A série Untitled
Film Stills (Fotogramas de cinema sem título), realizada
entre 1977 e 1980, consta de 69 fotografias em preto e branco representando
diferentes tipos femininos estereotipados. São fotografias com poses inspiradas
em personagens de novelas, de anúncios vistosos e de filmes de Hollywood dos
anos 1950, utilizando maquiagem, peruca ou penteados, fantasias e acessórios em
cenários pensados para compor a narrativa onde Sherman indica que a
feminilidade é uma construção de códigos baseados na representação. Abaixo as imagens Fotograma sem título nº 13 e Fotograma sem título nº 21, ambas feitas em 1978.
Shirin
Neshat (1957)
O trabalho Mulheres
de Alá (feito entre 1993-1997) da artista iraniana Shirin Neshat (1957), que
saiu do Irã para os Estados Unidos em 1974, aos dezessete anos, discute a
identidade das mulheres iranianas em relação ao fundamentalismo islâmico e a militância
política no país. A Revolução Islâmica que ocorreu em 1979 a impediu de
retornar ao país, só conseguindo voltar em 1993. Nesta série de imagens, a
artista analisa a discrepância entre as experiências passada e presente dela no
Irã, além de poder demonstrar sua identidade cultural e religiosa. Em suas
imagens aparecem elementos simbólicos como o véu islâmico, a arma, o olhar e o
texto em farsi, que são prosas e poesias escritas por mulheres iranianas, como
de Forough Farrokhzad. Ao problematizar tais questões identitárias iranianas e
colocar a mulher como foco do seu trabalho artístico, através não só de
fotografias como também de vídeos, em especial Turbulenta (1998), Êxtase
(1999) e Mulheres sem Homens (2009), Neshat
discute as questões sobre a sociedade patriarcal, a discriminação e a
democracia no Irã.
Gillian
Wearing (1963)
Além
de mostrar a aparência das pessoas, a fotografia pode tentar demonstrar seus sentimentos
e pensamento através de alguns trabalhos peculiares como a obra da fotógrafa e
videoartista inglesa Gillian Wearing que faz uma interação com o público na
série Cartazes que dizem o que você quer que eles digam e não cartazes que
dizem o que outra pessoa quer que você diga. Neste trabalho, constam mais
de 50 fotografias coloridas de pessoas que foram abordadas nas ruas e posaram
segurando cartazes em que elas escreveram. Estas mensagens elaboradas pelas
pessoas funcionam como sua voz, assim a fotógrafa cria um projeto que problematiza
a relação entre a imagem que as pessoas aparentam ter e seus sentimentos e
emoções do que estão vivendo numa determinada situação na vida, tornando
públicos seus pensamentos, em suas performances diárias. Além desta famosa série, Wearing cria a instalação História da família que percorreu o
Reino Unido, incorporando autorretratos com seus avós maternos de sua série Álbum. Neste caso, as fotografias servem
para lembrar de histórias pessoais, assim memória e identidade são os elementos
chave para entender e provocar o passado e o presente. Ao usar roupas, próteses
de silicone e maquiagem transforma-se em sua mãe, seu pai, seus tios e seus
irmãos em várias épocas.
Self Portrait as My Mother Jean Gregory, em 2003.
Ótimo post, Ju! Grandes ícones da fotografia!
ResponderExcluirMuito obrigada Amanda!
ResponderExcluirCorrigida a data de nascimento de Renata Victor! Obrigada Renato Menezes!
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