“A fotografia documental tem o mérito de registrar um momento de tempo real que não mais se repetirá, e que será sempre lembrado, como é o caso da Expedição de Sir Ernest Shakleton à Antártida em 1912, que foi extensivamente registrada pelo fotógrafo australiano Frank Hurley, e que ficou conhecida como uma das maiores aventuras do homem na luta pela sobrevivência no século XX”.Eduardo Masami Kitahara (2007, p. 127)
A Expedição Transatlântica Imperial de Shackleton chefiada
pelo Sir Ernest Shackleton partiu de Londres em 1º de agosto de 1914, dias
antes do início da Primeira Grande Guerra, mesmo assim recebe autorização de
Winston Churchill para continuar a viagem. A equipe comandada pelo Shackleton
tinha 27 pessoas, marinheiros, pesquisadores e o fotógrafo australiano Frank
Hurley (1885-1962).
Sir Ernest Shackleton.
Fotógrafo: Frank
Hurley.
Levou como equipamento fotográfico: câmeras Graflex;
câmera de fole para negativos de vidro; Kodaks de vários tamanhos, inclusive
uma V. P. K. (Vest Pocket Kodak, próxima imagem abaixo), no 3 e 3A
F. P. K.; filme N. C. da Kodak; chapas Austral Standard; chapas Austral Lantern;
lentes Cooke de foco e aberturas variáveis, inclusive a conhecida Portrait, de
doze polegadas f/3.5.
Lente Ross Telecentric.
Em 7 de dezembro de 2014, a expedição chega ao banco
de gelo na Antártida. Shackleton resolve esperar o inverno passar e o gelo
derreter para seguir viagem.
Neste período mantém toda tripulação ocupada em
atividades de pesquisa, cuidados com o navio ou atividade de lazer como ouvir
gramofone, jogar xadrez e futebol.
Fotografias noturnas feitas por Hurley.
Em 27 de outubro de 1915 o Endurance é esmagado pelo
gelo e a tripulação abandona o navio. Shakleton permite que cada tripulante
recolha cerca de 1 quilo de pertences e monta um acampamento oceânico. O
naufrágio completo do navio ocorre em 21 de novembro de 1915.
Hurley teve que abandonar o equipamento fotográfico
mais pesado, das 500 fotografias feitas, salva 120 imagens e quebra as demais
placas de vidro. Shakleton temia que Hurley colocasse sua vida em risco, tentando
recuperar as chapas posteriormente. Para o resto da viagem, Hurley ficou com
uma Kodak V. P. K. mais 3 rolos de filmes.
O grupo segue para a Ilha Elefant chegando em 15 de
abril de 1916. Em 24 de abril Shackleton segue com cinco pessoas da tripulação
no bote James Caird até a estação baleeira da Ilha South Georgia chegando alguns dias
depois.
Lá desembarcam no lado contrário da estação, não
tiveram como seguir navegando porque o bote estava muito avariado. Sheckleton
com duas pessoas atravessam a pé as geleiras até alcançar a estação. São
resgatados por um navio, que dá uma volta a ilha e resgatam os demais
tripulantes do outro lado.
Para chegar a Ilha Elefant apenas na terceira
tentativa. Do mar Shackleton contam as pessoas que estão na ilha e percebe que
estão todos vivos. O resgate ocorre em 30 de agosto de 1916 pelo navio chileno
Jelcho. Todos retornam na Inglaterra. Shackleton é recebido como um herói pois lutou
pela sobrevivência de todos da equipe da sua expedição.
Em 2014 foram achadas 22 negativos na cabana no Cabo Evans, Ilha Ross, de
Robert Scott. Os negativos de nitrato de celulose estavam grudados uns aos
outros dentro de uma caixa de madeira. Abaixo a imagem de Alexander Stevens (cientista-chefe) à bordo do Aurora durante a expedição
de Shackleton de 1914-1917.
Fonte: http://terra-australis-br.blogspot.com.br/2014/01/fotografia-encontrados-no-gelo.html
“O mérito do feito é da fundação neozelandeza Antartic Heritage Trust durante os trabalhos de restauração de um dos centenários refúgios dos pioneiros da exploração polar que ainda se conservam no gelo da Antártida. O achado dos negativos se deu em uma cabana construída por Scott durante a corrida de conquista ao pólo sul e posteriormente ocupada por uma das expedições lideradas por Shackleton. O material estava congelado em uma caixa de madeira encontrada em uma pequena peça que se supõe tenha sido originalmente utilizada como quarto escuro pelo fotógrafo Herbert Pointig, da Expedição de Scott de 1910-1913”.
Dica de Filme: A Lendária Expedição Antártica de Shackleton
Sinopse:
O ano era 1914 e os
ingleses recentemente haviam perdido uma corrida contra os noruegueses para ver
quem chegava primeiro ao ponto mais extremo do Pólo Sul, fincando pé na maior
latitude desse hemisfério. Restava, porém, o desafio de conseguir atravessar de
um extremo a outro o continente Antártico. Longe de ser um calouro na região,
Sir Ernest Shackleton já havia chefiado duas missões ao Pólo Sul, onde reuniu
experiência e reputação necessárias para sua terceira e derradeira epopéia.
Nessa nova empreitada, Shackleton reuniu uma equipe de 27 homens com as mais
diversas habilidades, formações, caráteres, temperamentos, ambições. Uma equipe
que partira com um objetivo de fazer história com seu pioneirismo, mas que
ficou conhecida para sempre por sua bravura, coragem, tenacidade,
companheirismo e uma incrível vontade de sobreviver.
Direção: George Butler, 2001.
Referências:
KITAHARA,
Eduardo Masami. O uso da fotografia e da imagem digital em pesquisas
oceanográficas: novos rumos proporcionados pela evolução do processo digital.
In: Conexão – Revista de Comunicação e Cultura da Universidade de Caxias
do Sul, UCS. Caixas do Sul, v. 6, n. 12, jul./dez. 2007.
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