quarta-feira, 18 de março de 2015

A Fotografia Anos 1930 – Parte 1

1930: Lewis Hine (1874-1940), sociólogo, fotografa a chegada de imigrantes, o trabalho infantil em fábricas mal iluminadas da Pensilvânia e em minas de carvão. Este trabalho levou à aprovação de leis proibindo o trabalho de menores.


Foto da construção do Empire State Building.

 

1931: Inspirado pela exposição de Lázlo Moholy-Nagy em “Filme e Foto”, Walter Benjamin escreve o ensaio “Pequena História da Fotografia”.
 

Cartaz da exposição desenhado por Willi Ruge, 1929.


1932: Introdução da célula foto-elétrica (fotômetro) nas câmaras fotográficas.

1932: O americano Paul Strand (1890-1976), foi aluno de Lewis Hine em 1909. Viajou ao México criando fotografias para o Mexican Portfolio (1940), que enfoca o povo, a paisagem e a arquitetura. Fez uma exposição na Galeria 291, em 1916. Adaptou sua técnica rigorosa ao serviço da fotografia (straigh photography).  Suas imagens de destacam na penúltima e última edições da Camera Work em 1916-1917.
 
Blind, 1916.

Esquerda: Wall Street, 1915.
Direita: Abstraction, Twin Lakes, Connecticut, 1916.

1932: A fotógrafa italiana Wanda Wulz (1903-1984) adere ao movimento futurista e faz uma das obras fotográficas futuristas mais conhecidas, o retrato “O gato e eu” (abaixo). Faz uma dupla exposição no mesmo negativo e experimentos com fotodinamismo.
 

1932: Edward Weston (1886-1958) abriu um estúdio na Califórnia e dedicou-se a retratos infantis. No início dos anos 1920, procurou novos ângulos de visão, fez imagens de paisagens industriais com tendência abstrata. Em 1923, Weston foi para o México com Tina Modotti, onde abre um estúdio e começa a ter contato com Diego Rivera, Orozco e Siqueiros. Em 1927, volta aos Estados Unidos, época de suas obras mais significativas sobre paisagens, objetos e nus femininos. Em 1932, fundou o Grupo f/64 com Ansel Adams, William van Dyke e Imogen Cunningham. Execução de uma imagem de grande nitidez mediante a abertura do diafragma mais reduzido da objetiva. Máximo de nitidez e profundidade de campo.
Foto da esquerda: Tina Modotti.
Direita: Pimentão nº 30, 1930.

A foto Nautilus (1927) foi vendida por US$ 1.082,500.

Esquerda: Alcachofra, 1930.
Direita: Folha de repolho, 1931.

Esquerda: Concha, 1927.
Direita: Shell, 1927.

Esquerda: Nude, 1936. Modelo: Charis Wilson.
Direita: Cypress, Point Lobos, 1944. 

Frida Kahlo, 1930.

1932: James Abbe (1883-1973) fotografa Joseph Stalin in the Kremlin. O livro é publicado mundialmente, refutando os rumores de que o líder soviético estivesse doente, em 13 de abril de 1932.

“Em 1932, o americano James E. Abbe fotografou o líder soviético Joseph Stalin tornando-se o primeiro fotógrafo estrangeiro a ter acesso ao interior do Kremlin, definido por ele mesmo como o “templo sagrado do comunismo'”.

“Diante de Stalin, sem pestanejar, Abbe retrucou que não esperava fazer em apenas cinco minutos as fotografias do homem que planejava industrializar a Rússia em cinco anos”.
Ana Farache (2006, p. 1-2)

1932: O francês Henri Cartier-Bresson (1908-2004) estudou pintura com André Lhote e iniciou sua carreira fotográfica em 1932, no final da vida só se dedicou a pintura. Sempre utilizou a Leica. Em 1931, foi apresentado à mais famosa câmera alemã: “Acabava de descobrir a Leica, que se tornou uma extensão de meus olhos. Desde que a encontrei, jamais me separei dela”, disse certa vez. Seu arsenal é composto apenas por uma velha Leica, com uma única objetiva 50 mm, e invariavelmente filmes preto e branco.

Cartier-Bresson viaja ao México em 1933 em uma missão etnográfica. Depois ele viaja para os Estados Unidos e ingressa também no cinema. Especializou-se na fotografia em meados de 1930. Tornou-se fotógrafo do exército francês durante a Segunda Guerra Mundial, tendo sido aprisionado em combate pelo exército alemão. Ele foi preso pelos nazistas e também participou da Resistência Francesa.
Esquerda: Juvisy, França1938.
Direita: Hyères, France, 1932.

A Galeria Julien Levy expôs sua obra em Nova York, em 1935. Trabalhou com cinema como assistente de Jean Renoir, fez um filme documental sobre os hospitais de campanha republicanos durante a Guerra Civil Espanhola (Victoire de la vie, 1937) e dedicou outro filme ao regresso dos prisioneiros de guerra depois da Segunda Guerra Mundial. Foi co-fundador da Agência Magnum, fez numerosas fotografias antológicas, com perfeição plástica do preto e branco com a composição rigorosa do instante captado.
Esquerda: Córdoba, Spain, 1933.
Direita: Allée du Prado, Marseille, 1932.

Henri Cartier-Bresson fotografou eventos como a morte de Gandhi, a China nos útimos meses do Kuomitang, o início da República Popular da China e a luta pela independência na Indonésia. Cartier-Bresson voltou à Europa em 1952, já reconhecido. Mas, não ficou por muito tempo sem viajar. Ele foi à Índia, China, Japão e União Soviética nos anos seguintes.
Seville, Spain, 1933.

O programa filatélico dos correios franceses – La Poste – rendeu homenagem a grandes fotógrafos. Esta série de 6 selos foi emitida em julho de 1999, por ocasião da abertura do 30° Encontro Internacional da Fotografia d’Arles.


“Este meio de se apoderar do ‘instante decisivo’ procede em grande parte da reportagem gráfica e, muitas vezes, torna-se difícil demarcar os gêneros já que, mais do que rótulos, a questão é distinguir entre um simples documento gráfico e aquele que, além da informação ilustrada, constitui uma obra pessoal, carregada de expressão formal” (SOUGEZ, 2001, p. 258).

Santa Clara, México, 1934-1935.

“A imagem do homem saltando, espelhada perfeitamente por sua própria sombra, é repetida pelas figuras saltantes dos cartazes de circo atrás. Cartier-Bresson tinha um instinto lendário para tais justaposições, criando um olhar novo em fotografia em que o observador é atraído para a imagem por momentos interrompidos que parecem fortuitos na concepção, naturalistas no estilo e surrealistas no efeito” (TUDO SOBRE FOTOGRAFIA, 2012, p. 289).
Atrás da Gare St. Lazare, Paris,1932.

1933: “Vogue”, considerada a bíblia da moda mundial, publicou a primeira fotografia em cores. “Vogue” fora fundada em dezembro de 1892 por um aristocrata, Arthur Baldwin Turnure, associado a Harry McVickar: era um pequeno folhetim semanal de 30 páginas, dedicado à moda, mas já buscando mulheres da alta sociedade como leitoras.
Edward Steichen produz a primeira capa fotográfica para a Vogue, mostrando uma modelo em maiô vermelho e branco e touca branca.

1933: Brassaï (Gyula Halasz, 1899-1984) nasceu em Brassó, Transilvânia, então Hungria, tendo trabalhado como jornalista em Berlim, mudou-se para Paris em 1924. publica seu primeiro livro, Paris de nuit (1933). Uma coletânea de cerca de 60 imagens da cidade após anoitecer, tornou-se um livro fotográfico influente. Henry Miller deu o apelido a Brassaï de “o olho de Paris”. Fotografou a vida parisiense em todos os aspectos. Brassaï também tirou fotografias em close-up de bilhetes de ônibus, sabão, pasta de dentes descaracterizando-os pela iluminação intensa e dos subúrbios de Paris. As imagens de graffiti que Brassaï fez nas ruas de Paris foram expostas em 1956 em Nova Iorque. Brassaï foi o mestre da composição criando padrões gráficos fortes ao usar sombras profundas.
 
Esquerda: Câmera Voigtländer Bergheil no Boulevard Saint-Jacques.
Direita: A gorda Claude e sua namorada no Le Monocle, 1932.

 “O seu mundo de bares, de prostitutas e de vagabundos é inconfundível. Também tirou excelentes retratos dos seus amigos: Picasso, Miró, Braque, Max Ernst, Dalí. Mais tarde, a sua série de graffiti leva-o a uma visão surrealista do mundo quotidiano” (SOUGEZ, 2001, p. 253).



1934: Em uma pequena cidade localizada à base do mais famoso cartão postal do Japão - o Monte Fuji - que surgiu a primeira fábrica da FUJIFILM no dia 20 de janeiro de 1934, foi fundada por Sakae Haruki. Começou produzindo filmes cinematográficos, um mês depois começou a produzir filmes fotográficos, papel para impressão, chapas a seco e outros materiais fotossensíveis. Em 1936, a nova empresa ingressou no novo segmento do mercado produzindo películas para Raio-X.

Linha do Tempo da Fuji:
1948: Lançamento do filme colorido fotográfico com a marca FUJICOLOR.
1956: Início da produção de máquinas fotográficas.
1961: FUJIC, o primeiro computador no Japão.
1963: Início da produção de papel fotográfico.
1965: Lançamento da Fuji DP Master S, primeira impressora de fotografias.
1981: Lançamento do filme ISO 400, primeiro filme colorido de elevada sensibilidade.
1986: Lançamento da primeira câmera descartável chamada QuickSnap. Lançamento do Minilab, equipamento portátil que revela filmes.
1988: Lançamento da primeira câmera digital do mundo, armazenava fotos em cartão de memória.
1989: Lançamento do REALA, primeiro filme fotográfico a reproduzir as cores como o olho humano.
1990: Lançamento do FUJICHROME VELVIA, um filme profissional colorido.
1992: Lançamento da Acolor 635/630, fotocopiadora digital a cores.
1998: Lançamento da MX-700, menor e mais leve câmera fotográfica digital do mundo na época.
1999: Lançamento do Minilab Digital Frontier, saídas fotográficas com o uso da tecnologia digital.
2001: Lançamento da FUJIFILM FinePix, uma popular linha de câmeras digitais.
2003: Desenvolvimento do módulo de câmaras megapixel para aparelhos celulares.



Dica de Filme:


Sinopse: Buscapé (Alexandre Rodrigues) é um jovem pobre, negro e muito sensível, que cresce em um universo de muita violência. Buscapé vive na Cidade de Deus, favela carioca conhecida por ser um dos locais mais violentos da cidade. Amedrontado com a possibilidade de se tornar um bandido, Buscapé acaba sendo salvo de seu destino por causa de seu talento como fotógrafo, o qual permite que siga carreira na profissão. É através de seu olhar atrás da câmera que Buscapé analisa o dia-a-dia da favela onde vive, onde a violência aparenta ser infinita.
Direção:.Fernando Meirelles e Katia Lund, 2002.

Referências:

BUITONI, Dulcilia Schroeder. Fotografia e Jornalismo: a informação pela imagem. São Paulo: Saraiva, 2011.

FARACHE, Ana. Fotojornalismo e ideologia: diversidade conceitual e eficácia comunicacional. In: Anais do XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Brasília: Intercom, 2006. Disponivel em: <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2006/resumos/R1731-1.pdf>.

HACKING, Juliet (editora geral). Tudo sobre fotografia. Tradução de Fabiano Morais, Fernanda Abreu e Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. Título original: Photography: the whole story.

OLIVEIRA, Erivam Morais de; VICENTINI, Ari. Fotojornalismo: uma viagem entre o analógico e o digital. São Paulo: Cengage Learning, 2009.

REVISTA FHOX. Dez. 1999/jan. 2000. Ano XI. N. 58. São Paulo: Fhox, 1999.

SENAC. DN. Fotógrafo: o olhar, a técnica e o trabalho. Rose Zuanetti; Elizabeth Real, Nelson Martins et al. Rio de Janeiro: Ed. Senac nacional, 2004.

SOUGEZ, Marie-Loup. História da Fotografia. Tradução de Lourenço Pereira. Lisboa: Dinalivro, 2001. Título original: Historia de la Fotografia.

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