sábado, 14 de março de 2015

A fotografia no Século XX

1901-1919: Fotossecessão, Autocromia, Leica, Primeira Guerra Mundial, Viagens à Antártida

1902: Criação da Fotossecessão pelo americano nascido em Nova Jersey Alfred Stieglitz (1864-1946), fotografia artística americana. Criou a revista do Camera Club de Nova York, a Camera Notes (1897) e depois a Camera Work (1903). Grupo composto por Edward Steichen, Frank Eugene, Alvin Langdon Coburn, George H. Seeley e outros.

“Seu objetivo foi mostrar que a fotografia era uma entidade autônoma: em vez de tentar imitar a arte do passado, a fotografia deveria simplesmente ser a forma principal de arte do século XX e além” (TUDO SOBRE FOTOGRAFIA, 2012, p. 176-177).
A terceira classe, de Alfred Stieglitz, junho de 1907, primeira obra modernista do autor. Forte contraste social.

O livro ilustrado, Gertrude Käsebier, 1902.

O Polvo, Alvin Langdon Coburn, 1909.

O terminal de Alfred Stieglitz foi tirada na extremidade sul da rota do bonde do Harlem na Quinta Avenida, usando uma câmera Folmer and Schwing à prova d’água de 10,16 X 12,7 cm, que permitia capturar movimentos e condições atmosféricas em ambientes com pouca luz.

O terminal, de Alfred Stieglitz, fotogravura de 1893.

Chuvas de Primavera de Alfred Stieglitz mostra que ele fez imagens das ruas de Nova York, fotografando à noite ou sob clima úmido, brumoso. A composição desta imagem, impressa em velino  japonês grosso e semitranslúcido (couro) , mostra a influência da arte japonesa, muito em voga na época.

Chuvas de Primavera, de Alfred Stieglitz, 1900.
1904: London Daily Mirror é o primeiro jornal a ser ilustrado exclusivamente com fotos.

1906: Os irmãos Louis Jean e Auguste Lumière, apresentam os primeiros filmes para revelação a cores (Autochrome), que já não precisavam de uma tripla exposição (não era necessário se bater 3 diferentes chapas da mesma fotografia) através de uma câmera especial. Primeiro processo colorido aditivo. É o primeiro processo industrial de produção de fotografias coloridas, o Autochrome Lumière, com as chapas de autocromia. O segredo estava no “filme” que, empregavam uma chapa de vidro coberta de grãos microscópicos de amido de batata, cada um tingido de vermelho-laranja, verde ou roxo-azul-violeta. A luz refletida devia passar antes de impressionar a película fotográfica. Observada com uma lupa ou ampliada, a fotografia autocromática dá a impressão visual que uma pintura pontilhista. Essa idéia de juntar partículas de cores diferentes no próprio filme é a que se adota ainda hoje.
Auguste e Louis Lumiére.


1906-1908: George Albert Smith (1864-1959) e Charles Urban (1867-1942) desenvolvem o primeiro processo fotográfico colorido bem sucedido, o  Kinemacolor. A câmera do Kinemacolor expõe filme preto e branco alternando através dos filtros vermelho e verde para fazer dois registros.




1910: O inglês Herbert Ponting (1870-1935) ingressa na Expedição Antártica Britânica como fotógrafo e cinegrafista oficial. Utilizou chapas de vidro e fez 1700 imagens. Acompanhou o capitão Robert Falcon Scott.



Gruta num iceberg, o Terra Nova a distância. Gelatina e prata.

1911: Oscar Barnack (1879-1936), engenheiro alemão, desenvolve o primeiro modelo de uma câmara de 35 mm. É a Leica que só vai ser produzida em grande escala depois da Primeira Guerra Mundial.

1914: Edward Jean Steichen (1890-1973), nasceu em Luxemburgo e tornou-se cidadão dos Estados Unidos em 1900. Fez parte da Photo-Secession e trabalhou com Alfred Stieglitz na Camera Work.  Foi fotógrafo do Exército americano na Primeira Guerra Mundial. Atuou como fotógrafo aéreo e fez retratos pictorialistas, além de fotografia publicitária e de moda trabalhando nas revistas Vanity Fair e Vogue. Em 1923, quando começou a trabalhar para Condé Nast causou revolta em seu colega fotógrafo Alfred Stieglitz. Edward Jean Steichen dedicou-se a fotografia cada vez mais exigente do ponto de vista técnico. Produziu mais de 1000 retratos de celebridades, como Winston Churchill, Rodolfo Valentino, George Bernard Shaw, Henri Matisse e Greta Garbo.
  
A Lagoa/O Luar, por Edward Steichen (1904) foi vendida por US$ 2,9 milhões.

  Gloria Swanson, 1924. Atriz considerada estrela do cinema mudo.

Charlie Chaplin, New York, 1925.
         

1914-1918: “A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) criou um grande fluxo de produção fotográfica gerando inúmeras publicações e suplementos ilustrados entre os opositores: de um lado os Aliados (Reino Unido, França e Rússia) e do outro a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália). Resultou ao fim da guerra na dissolução dos impérios alemão, russo, otomano e astro-húngaro que brigaram por questões econômicas e políticas. Para cobrir este conflito, veículos de comunicação dos Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido tinham seu staff de fotógrafos, em que no final da guerra parte dos jornais tinha sua equipe própria” (TOREZANI, p. 2014, p. 3-4).

“Esta guerra foi ‘facilmente’ fotografada, uma vez que, ocorreu nas trincheiras, diferente da Segunda Guerra, outro uso da fotografia foi como um método auxiliar de reconhecimento aéreo” (TOREZANI, p. 2014, p. 4).

“Durante a Primeira Guerra Mundial, a fotografia foi utilizada como instrumento táctico: desenvolveu-se a prática das fotografias aéreas, se bem que a maior parte da informação gráfica publicada na imprensa tenha sido feita por desenhadores” (SOUGEZ, 2001, p. 235). 


Tropas russas – 1915.

Natal durante a Primeira Guerra Mundial, soldados germânicos, Bélgica – 1915.

Soldado americano filmando dentro de uma trincheira – 1918.

Soldados germânicos lendo jornal na trincheira, 1918.

Imagem de Viktor Bulla. Tropas do governo atirando em manifestantes, esquina de Nevsky Prospekt e Rua Sadovaya, São Petersburgo, Rússia, 1917.

  
                               Vaux #2, After Attack, 1918.       Plane takes off from an American aircraft 
                              Imagem de Edward Steichen.             carrier, World War II. Imagem de                                                                                                                       Edward Steichen.

1915: A Expedição Transatlântica Imperial de Shackleton chefiada pelo Sir Ernest Shackleton partiu de Londres em 1º de agosto de 1914, dias antes do início da Primeira Grande Guerra, mesmo assim recebe autorização de Winston Churchill para continuar a viagem. A equipe comandada pelo Shackleton tinha 27 pessoas, marinheiros, pesquisadores e o fotógrafo australiano Frank Hurley (1885-1962). Os tripulantes só retornam em 1917.

Veja postagem especial sobre esta expedição!

1916: Ansel Adams (1902-1984), nasceu em Sâo Francisco, Estados Unidos, começou a fotografar em 1916 tirando fotos do Vale de Yosemite. Foi defensor da fotografia direta na Costa Oeste, criou o método para controle da exposição e revelação chamado Sistema de Zonas. Voltado inicialmente para a música, se dedicou à fotografia quando publicou um álbum onde procurava imitar a pintura impressionista, com efeitos suaves, obtidos no laboratório (1927). Teve influência do fotógrafo americano Paul Strand. Ajudou a fundar o primeiro acervo museológico de fotografias no mundo, o do Museu de Arte Moderna de Nova York (1940) e começou a produzir murais para o governo dos Estados Unidos (1941).

Criou o sistema de zonas, método para determinar com precisão o tom de cada parte da cena fotografada na cópia final. Na Escola de Belas-Artes de San Francisco criou o primeiro curso universitário de fotografia. Dedicado à conservação da natureza desde jovem, muitos de seus livros são apelos em favor da proteção ambiental, como Making a Photograph (1935), My Camera in the National Parks (1950), This Is the American Earth (1960) e Photographs of the Southwest (1976). Morreu em Carmel, Califórnia.

“Sobretudo as suas paisagens californianas são composições muito depuradas, em que dominam as linhas horizontais e verticais, cujo rigor e harmonia parecem directamente herdados da sua formação musical” (SOUGEZ, 2001, p. 248).


Nascer da lua, Henandez, Novo México (1941).

  

  

  

1917: A Nippon Kogaku Kogyo Kabushikigaisha, que se tornaria a Nikon, é fundada em Tóquio, Japão.

Dica de Filme: “Ansel Adams: um documentário”.

Sinopse: Poucos artistas conquistaram maior plateia ou experimentaram maior popularidade em vida do que Ansel Adams. A obra do fotógrafo sempre girou em torno da beleza e da fragilidade da terra americana, do laço inseparável entre homem e natureza e da nossa obrigação moral para com o futuro de nossas terras. Reunindo imagens de arquivo, textos do próprio artista e entrevistas com especialistas, familiares e amigos, o documentário conta a história do visionário fotógrafo dedicado à causa ambiental.
Direção: Ric Burns, 2002.

Referências:
BUITONI, Dulcilia Schroeder. Fotografia e jornalismo: a informação pela imagem. São Paulo: Saraiva, 2011. (Coleção: Introdução ao jornalismo; v. 6).
HACKING, Juliet (editora geral). Tudo sobre fotografia. Tradução de Fabiano Morais, Fernanda Abreu e Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. Título original: Photography: the whole story.
REVISTA FHOX. Dez. 1999/jan. 2000. Ano XI. N. 58. São Paulo: Fhox, 1999.
SOUGEZ, Marie-Loup. História da Fotografia. Tradução de Lourenço Pereira. Lisboa: Dinalivro, 2001. Título original: Historia de la Fotografia.
TOREZANI, Julianna Nascimento. A fotografia de conflitos: da Primeira Guerra Mundial ao Ataque ao World Trade Center. In: Anais do XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Foz do Iguaçu, PR: Intercom, 2014. Disponível em: http://www.portcom.intercom.org.br/navegacaoDetalhe.php?id=56193

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