segunda-feira, 2 de março de 2015

Processos Fotográficos do Século XIX – Estereoscopia, Panorama, Albumina, Colódio Úmido, Ambrótipo

1840: Na cidade de Nova York, Alexandre Wolcott patenteou a primeira máquina fotográfica e abriu o primeiro estúdio de retratos do mundo, dotado de uma câmara engenhosa, com espelho côncavo, publicado em março pelo New York Sun.

1840: Sir Charles Whearstone, físico inglês, cria uma engenhoca denominada visor estereoscópio, para visualizar fotografias em tridimensionalidade.

Daguerreótipo estereoscópico, Antoine Claudet. 

1840: Hippolyte Bayard fez o primeiro autorretrato e o primeiro nu intitulada O Afogado. Como ele não conseguiu apoio do governo francês pelas suas experiências na fotografia, criou através desta imagem fazer um protesto. No verso da foto tinha o seguinte texto:
“O cadáver do senhor que vocês vêem é do senhor Bayard, inventor do procedimento cujos maravilhosos resultados acabam de vê ou verão. [...] A Academia, o rei e quantos viram os seus desenhos, admiraram-nos como vocês o estão admirando agora. Valeu-lhe muita honra e não lhe rendeu um centavo. O governo, que deu demasiado ao senhor Daguerre, disse que não podia fazer nada pelo senhor Bayard e o infortunado afogou-se”.
“Bayard abriu muitas possibilidades para a fotografia: a imaginação, ficção e invenção, fazendo da sua prática o lugar da criação. Assim, a partir do autorretrato, a fotografia se viu livre para inventar e criar imagens do passado, do cotidiano e da subjetividade do sujeito”.
Camila Leite de Araújo (2013, p. 11)

1841: Na cidade de Londres, Richard Beard (1801-1885) abre o primeiro estúdio de retratos da Europa. No mesmo ano os irmãos Mayer abrem um estúdio em Paris.
Jabez Hogg, an operator for Richard Beard, taking a daguerreotype portrait
of Mr Johnson in London, c1842.


1843: Anna Atkins (1779-1871) publica uma edição ilustrada de British Algae: Cyanotype Impressions (Algas britânicas: impressões em cianotipia), o primeiro livro ilustrado com fotografias. A cianotipia é feita com sais de ferro. Atkins utilizou algas secas achatadas como negativos, posicionando-as em folhas de papel fotossensível sob a luz do sol.
   

1844: O primeiro livro ilustrado com fotografias a ser distribuído comercialmente, The Pencil of Nature (O lápis da natureza), é publicado por Fox Talbot e editado em 6 volumes, com 24 talbotipos contendo a explicação de seu trabalho e estabelecendo padrões de qualidade. “O texto relatava a vida e as descobertas do autor”. Existe um exemplar na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro.
    “Sinto alegria em ser o primeiro a transpor uma montanha”, prefácio de Talbot.

1844: Friedrich von Martens introduz a primeira câmara panorâmica para daguerreotipia, cujas lentes se movem em ângulo de 150 graus aproximadamente. Martens faz a primeira fotografia panorâmica do mundo feita em placa de aço: O Sena, a margem esquerda e a Île de la Cité.
“Um mecanismo automático girava a lente ao longo de um arco de 150 graus, ‘desenhando’ a imagem sobre uma placa de metal, que era côncava, de modo a conservar sempre a mesma distância em relação à lente”.Tudo sobre fotografia (2012, p. 32) 
1847: Abel Niépce de St. Victor (1805-1870), sobrinho de Joseph Niépce, inventa o negativo de albúmen sobre vidro. Ele desenvolve o processo da albumina que utiliza uma placa de vidro coberta com clara de ovo de galinhas velhas (cuja albumina era mais fina e adesiva), sensibilizada com iodeto de potássio e nitrato de prata. A proteína impedia que a imagem migrasse da camada fotossensível e se esfumasse nas imperfeições do papel. A albumina é mais preciosa em detalhes e o tempo de exposição é de 15 minutos. 

1850: Louis Désiré Blanquart-Évrard (1802-1872) concebe o uso do papel à base de albúmen para a realização de cópias positivas e serve para fixar o nitrato de prata no papel. Solúvel em água e transparente, o albúmen constitui uma camada adesiva que mantém em suspensão os sais de prata sobre o papel (ou outra base como o vidro) onde se forma a imagem.

1851: Gustave Le Gray (1820-1862), aperfeiçoando o calótipo (de Fox Talbot), inventa o processo do negativo sobre papel encerado seco, obtendo maior nitidez da imagem. O negativo de papel era tratado com cera antes de ser sensibilizado com sais de prata e exposto à ação da luz.

The Great Wave, Sete (1856-1859) de Gustave Le Gray, registro feito próximo a cidade de Montpelllier foi vendida por US$ 838.000. Albúmen a partir de dois negativos de vidro em colódio úmido.

1851: Sir Frederick Scott Archer (1813-1857), escultor inglês, inventa o processo do negativo à base de colódio úmido (mistura de pó de algodão, pólvora, álcool e éter), era usado como veículo para unir sais de prata as placas de vidro, menos dispendioso que os anteriores e o resultado era de ótima qualidade. A placa é exposta ainda úmida na câmara escura e o tempo de exposição é de 30 segundos. Por conta do éter a preparação evaporava rapidamente. Este processo é dez vezes mais sensível que a albumina.
   

1851: Archer e Peter Wickens Fry criam o Ambrótipo ou Ambrotipia, desenvolvido a partir do processo do colódio úmido. Processo fotográfico direto pelo qual se obtém uma imagem única, vista em positivo, usando-se um negativo de vidro de colódio úmido subexposto, pintado de preto na parte de trás, ou colocado sobre um fundo negro, para a criação do efeito de imagem positiva. Apresentava-se de forma semelhante ao daguerreótipo, mas seu custo era bem menor.
Ambrotipo sem o fundo escuro na metade da imagem, para mostrar o efeito positivo/ negativo.


Dica de Filme: 

Sinopse: Após deixar a vida de subúrbio que levava com a família, a inocente Amélie (Audrey Tautou) muda-se para o bairro parisiense de Montmartre, onde começa a trabalhar como garçonete. Certo dia encontra uma caixa escondida no banheiro de sua casa e, pensando que pertencesse ao antigo morador, decide procurá-lo ­ e é assim que encontra Dominique (Maurice Bénichou). Ao ver que ele chora de alegria ao reaver o seu objeto, a moça fica impressionada e adquire uma nova visão do mundo. Então, a partir de pequenos gestos, ela passa a ajudar as pessoas que a rodeiam, vendo nisto um novo sentido para sua existência. Contudo, ainda sente falta de um grande amor.
Direção: Jean-Pierre Jeunet, 2002.

Referências:
ARAÚJO, Camila Leite de. O desejo de fotografias: Bayard e seu autorretrato de mentiras e bronze de verão. In: Ícone (Programa de Pós-graduação em Comunicação). v.15. n. 1, agosto de 2013. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2013.
HACKING, Juliet (editora geral). Tudo sobre fotografia. Tradução de Fabiano Morais, Fernanda Abreu e Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. Título original: Photography: the whole story.
OLIVEIRA, Erivam Morais de; VICENTINI, Ari. Fotojornalismo: uma viagem entre o analógico e o digital. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
REVISTA FHOX. Dez. 1999/jan. 2000. Ano XI. N. 58. São Paulo: Fhox, 1999.
SENAC. DN. Fotógrafo: o olhar, a técnica e o trabalho. Rose Zuanetti; Elizabeth Real, Nelson Martins et al. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2004.
SOUGEZ, Marie-Loup. História da Fotografia. Tradução de Lourenço Pereira. Lisboa: Dinalivro, 2001. Título original: Historia de la Fotografia.
TURAZZI, Maria Inez; FUNARTE. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo (1839/1889). Rio de Janeiro: FUNARTE: Rocco, 1995.

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