quarta-feira, 25 de março de 2015

A Fotografia nos Anos 1940

1939-1945: “A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) inicia no ano do centenário da fotografia, que marca o anúncio oficial das experiências de Daguerre na França. As revistas e os jornais ilustrados ocuparam inúmeras páginas não só para mostrar as imagens da guerra, como fazer uso de propaganda aos Aliados (Inglaterra, URSS, França e Estados Unidos) ou dos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão)” (TOREZANI, 2014, p. 6-7).

 
Rua de Kiev (Ucrânia) após bombardeio alemão em 1941.

Encouraçado alemão atacando porto da Polônia durante invasão em setembro de 1939.

“O fim da guerra resultou na dissolução do Terceiro Reich, dos Impérios do Japão e Italiano, bem como a criação da Organização das Nações Unidas para manutenção da paz e início da Guerra Fria, com os Estados Unidos e a União Soviética como super potências políticas. Fotojornalistas dos dois lados cobriram a guerra, geraram imagens que estão entre as cenas mais importantes do século XX” (TOREZANI, 2014, p. 7).

 
Esquerda: Aviões da Força Aérea dos Estados Unidos durante bombardeio ao Japão. 
Direita: Pearl Harbor, no Hawaii, após o ataque japonês, em 7 de dezembro de 1941.

A cobertura fotográfica da Segunda Guerra teve problemas logísticos, uma vez que, houveram batalhas em vários lugares como a Europa, a Ásia e a África, assim ocorreram problemas de transporte, alimentação, alojamento e comunicação (SOUSA, 2004b).

 
Esquerda: Bomba atômica explode a cidade de Nagasaki no Japão, em 1945.
Direita: Corpos sendo enterrados em uma vala comum em Bergen-Belsen campo de concentração na Alemanha. O campo foi libertado pelos britânicos em 15 de abril de 1945 - Foto: Getty Images.

1944: O húngaro André Friedmann Robert Capa (1913-1954) realiza a famosa série de 106 fotografias em 6 de junho de 1944 dos Soldados americanos desembarcando na Praia Omaha, Dia D, Normandia, França (abaixo).  Durante a Segunda Guerra Mundial ele faz reportagens para Life, com duas câmeras Contax II. Cobre os conflitos na Palestina, depois Vietname, onde morre ao pisar em uma mina em 1954 durante a Primeira Guerra da Indochina. “Se as imagens estavam às vezes ligeiramente tremidas ou fora de foco, aquilo parecia apenas realçar a autenticidade de seus relatos visuais”.


 


Esquerda: Pesdacores franceses olhando para os corpos de soldados norte-Americanos na Praia Omaha.
Direita: FRANÇA. Cherbourg. 26 A 28 de junho de 1944. Soldados alemães capturados por tropas americanas.

Mais imagens: 

1945: A Old Glory é hasteada no Monte Suribachi, Iwo Jima, de Joe Rosenthal (1911-2006) – mais conhecida como Hasteando a bandeira em Iwo Jima -, é um exemplo clássico da fotografia de guerra usada como propaganda pelo presidente Franklin D. Roosevelt. Retrata fuzileiros americanos e um médico da Marinha hasteando a bandeira americana no alto do Monte Suribachi em 23 de fevereiro. A captura da ilha de Iwo Jima foi altamente significativa, por ser a primeira área do Japão conquistada pelos Aliados. No entanto, como a primeira bandeira foi ofertada ao secretário da Marinha, apenas a segunda que foi fotografada para não deixar o local vazio. Rosenthal recebeu o Prêmio Pulitzer de Fotografia em 1945.


A partir desta fotografia foi feita uma estátua de bronze que fica em Arlington, Virginia desde 1954. A estátua foi criada pelo escultor Felix de Weldon e foi baseada na famosa fotografia feita pelo igualmente famoso repórter fotográfico Joe Rosenthal.

 

1945: O polonês, naturalizado norte-amerciano, Alfred Eisenstaedt (1898-1995) tirou uma das imagens mais icônicas celebrando o fim da guerra, Dia V-J em Times Square. A foto do marinheiro beijando a enfermeira em comemoração da rendição japonesa capta a euforia dos Aliados quando a guerra acabou em 14 de agosto de 1945. Eles simbolizam os soldados e o corpo médico de apoio estão livres do conflito.

 

A foto, feita por Alfred Eisenstaedt para a revista Life, atualmente está no Museu de Belas Artes de Houston. O marinheiro Glenn Edward McDuffie, cujo beijo em Edith Shain na Times Square (Nova York) para celebrar o fim da 2ª Guerra Mundial ficou conhecido em todo o mundo após ser imortalizado por um fotógrafo da revista Life, morreu em 2014 aos 86 anos no Texas, Estados Unidos, informou Glenda Bell, sua filha.

"Em 14 de agosto de 1945, eu tinha 18 anos e, quando desci do metrô, uma senhora me disse que a guerra tinha terminado e fui para a rua gritar. Vi à enfermeira e ela estava sorrindo, portanto simplesmente a agarrei", rememorou McDuffie na entrevista.


 
Esquerda: Mãe e filho em Hiroshima, Japão, dezembro 1945.
Direita: Presidente americano John F. Kennedy traballhando no Salão Oval da Casa Branca, 1962.

 
Esquerda: Líder soviético, Nikita S. Khushchev, com Fidel Castro durante sessão de abertura da Assembléia Geral da ONU, Nova York, 1960.
Direita: Rainha Elizabeth em visita aos Estados Unidos, 1957.

 
Esquerda: Marilyn Monroe na sua casa, Califórnia, 1953.
Direita: A atriz Sophia Loren em cena do filme “Matrimonio all’italiana”, 1964.

1945: Lee Miller (1907-1977), ex-modelo e artista surrealista americana, tornou-se correspondente de guerra da Condé Nast e foi a única fotojornalista mulher oficial nas áreas de combate. Cobriu a liberação do campo de concentração de Dachau. Sua foto Guarda da SS morto flutuando num canal (abaixo) evoca uma série de reações quanto a humanidade e desumanidade. O corpo de um soldado alemão está parcialmente submerso nas águas lamacentas de um canal.


 
Esquerda: Paris, 1944.
Direita: Luxembourg, 1944.

 
Esquerda: Ensaio “Roupas de Viagem”, 1950.
Direita: Lee Miller (sentada) e soldados americanos durante a 2ª Guerra Mundial, 1944. Foto de David E. Scherman.

Lee Miller toma banho em banheira na casa de Adolf Hitler, em Munique, Alemanha, 30 de abril de 1945. Foto de David E. Scherman.

1947: Nos Estados Unidos aparece a Polaroid (câmera de fotos instantânea), invenção do físico americano Harold Edwin H. Land, que registra uma prova sépia em 60 segundos. A Polaroid possibilitava a fotografia instantânea, em que o filme é revelado dentro da câmera; como num passe de mágica, o usuário podia ver em poucos minutos sua fotografia.


Em cada fotografia contém o material para o positivo e o negativo, além do revelador e do fixador, quando esta é retirada da câmara, estes elementos químicos são prensados, juntam-se, homogeneamente. Desta forma, a fotografia é revelada e fixada rapidamente.

n  Ao apertar o disparador, o filme Polaroid passa entre dois mecanismos, que estouram uma bolha com reagentes químicos. Esta bolha é uma cápsula que fica na borda do papel, longe do material sensível à luz (prata), impedindo que ele seja revelado antes da exposição.
n  O líquido é espalhado para o meio do papel-filme, que é composto de várias camadas químicas sensíveis à luz.
n  Os reagentes penetram nas camadas do filme e ativam os reveladores, que soltam as tintas coloridas para formar a foto na camada da imagem.
n  Os reagentes dissolvem os bloqueadores de luz, que, com a reação química, ficam mais claros. A imagem já está revelada, mas o clareamento faz com que ela apareça aos poucos, dando a impressão de estar se formando só depois que sai da câmera.

 

Mais informações:

1947: É fundada a Magnum, agência de fotografia que possibilitou a seus fundadores (Henri Cartier-Bresson, Robert Capa, David “Chim” Seymor e George Rodger) afirmarem-se como defensores de um fotojornalismo livre de estrutura que submetia a imprensa aos interesses do poder, um jornalismo humanista e de qualidade, adotando como prática a proibição do uso de suas fotos fora do contexto em que foram concebidas.



“Cada membro continuava proprietário dos negativos de suas fotografias. Era a primeira vez na história que isso acontecia. Assim, evitavam manipulações – quando a agência era proprietária da fotografia e revendia a um jornal ou revista, o autor da imagem não tinha mais nenhum controle sobre como a foto iria ser utilizada; podiam trabalhar mais livremente, sem grandes pressões e tinham mais controle sobre o que ia ser publicado”  (BUITONI, 2011, p. 147).
Esquerda: Os núbios, George Rodger, 1949.
Direita: Pablo Picasso e Françoise Gilot, Robert Capa, 1948.

“A Magnum surge também como uma reação à subalternização dos fotojornalistas num quadro de jornalismo subjugado ao poder e de desenvolvimento de relações de interesse entre os poderes e os new media” (SOUSA, 2004, 141).

“A Magnum é, talvez, a mais mítica das agências fotográficas, pela qualidade fotográfica, pela fotografia de autor, pela integridade moral e humanista dos seus fotógrafos e fotografias e pelo espírito que roça a anarquia” (SOUSA, 2004, 142).

Esquerda: Venda de ouro nos últimos dias do Kuomintang, Xangai, China, Henri Cartier Bresson, 1948.
Direita: James Dean por Dennis Stock.

“Nos dias que correm, a Magnum, porém, enfrenta alguns desafios: há fotógrafos que ganham mais do que outros” (SOUSA, 2004, 143).

“Desde meados dos anos oitenta talvez a Magnum tenha abandonado um pouco a cobertura da ‘atualidade’, dedicando-se às exposições, à edição de livros e aos trabalhos para as empresas” (SOUSA, 2004, 144).

Esquerda: A Primavera de Praga de Koudelka.
Direita: Minas de Serra Pelada de Sebastião Salgado.


1948: Início da comercialização da Hasselblad 1600F, câmara precursora das melhores máquinas de médio formato da atualidade.

Uma câmara 35 mm Nikon é comercializada no Japão. 


1949: Contax S: Primeiro aparelho reflex de uma objetiva a estar equipado com pentaprisma para visão direta.
 

 


1949: O George Eastman House, o primeiro museu dedicado a fotografias, é inaugurado em Rochester, Nova York, Estados Unidos.


Dica de Filme:
Sinopse: Ao desembarcar na Normandia, no dia 6 de junho de 1944, capitão Miller (Tom Hanks) recebe a missão de comandar um grupo do segundo batalhão para o resgate do soldado James Ryan, caçula de quatro irmãos, dentre os quais três morreram em combate. Por ordens do chefe George C. Marshall, eles precisam procurar o soldado e garantir o seu retorno, com vida, para casa.
Direção:.Steven Spielberg, 1998.

Referências:

BUITONI, Dulcilia Schroeder. Fotografia e jornalismo: a informação pela imagem. São Paulo: Saraiva, 2011. (Coleção: Introdução ao jornalismo; v. 6).

HACKING, Juliet (editora geral). Tudo sobre fotografia. Tradução de Fabiano Morais, Fernanda Abreu e Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. Título original: Photography: the whole story.

OLIVEIRA, Erivam Morais de; VICENTINI, Ari. Fotojornalismo: uma viagem entre o analógico e o digital. São Paulo: Cengage Learning, 2009.

REVISTA FHOX. Dez. 1999/jan. 2000. Ano XI. N. 58. São Paulo: Fhox, 1999.

SENAC. DN. Fotógrafo: o olhar, a técnica e o trabalho. Rose Zuanetti; Elizabeth Real, Nelson Martins et al. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2004.

SOUGEZ, Marie-Loup. História da Fotografia. Tradução de Lourenço Pereira. Lisboa: Dinalivro, 2001. Título original: Historia de la Fotografia.

SOUSA, Jorge Pedro. Uma história crítica do fotojornalismo ocidental. Chapecó: Argos; Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004.

TOREZANI, Julianna Nascimento. A fotografia de conflitos: da Primeira Guerra Mundial ao Ataque ao World Trade Center. In: Anais do XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Foz do Iguaçu, PR: Intercom, 2014. Disponível em: http://www.portcom.intercom.org.br/navegacaoDetalhe.php?id=56193

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